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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Lula, o Padre Cícero da modernidade

Lula: conteúdo vazado por WikiLeaks é 'insignificante'
No Maranhão, presidente subestima cartas de embaixador dos EUA que apontam corrupção no governo e controvérsia com Nelson Jobim

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subestimou a divulgação de telegramas da diplomacia americana pelo site WikiLeaks, que aponta corrupção no governo brasileiro.
"Acho que as coisas que vi são insignificantes e não merecem ser levadas a sério. Na verdade não sou obrigado a acreditar num telegrama do embaixador americano", disse Lula, em entrevista concedida depois de visitar as obras da usina hidrelétrica de Estreito, no Maranhão.
Em um telegrama secreto revelado pela organização WikiLeaks, o embaixador americano em Brasília em 2008, Clifford Sobel, teria avaliado que o presidente Lula concluirá seus oito anos de governo uma gestão marcada pela corrupção entre seus "mais próximos aliados", com uma "praga" de compra de votos no PT e sem ter dado uma resposta ao crime no Brasil.
Lula subestimou também a informação de que o ministro da Defesa Nelson Jobim teria dito ao embaixador que o ministro de Assuntos Estratégicos, Samuel Pinheiro Guimarães, odeia os Estados Unidos. "Tenho certeza do comportamento do Jobim e tenho certeza do comportamento do Samuel. Eles são amigos e um não falaria mau do outro", afirmou Lula.
Nesta terça-feira, a assessoria do Ministério da Defesa divulgou um comunicado afirmando que Jobim ligou para Pinheiro Guimarães, atual ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos, para desmentir as afirmações atribuídas a ele no documento vazado pelo WikiLeaks.

(Por iG São Paulo | 30/11/2010 19:13)

Atualmente estou lendo a biografia do Padre Cícero Romão Batista, ‘O Padim Ciço’, segundo a linguagem dos romeiros de Juazeiro do Norte, cidade do sertão cearense.
O livro, escrito pelo jornalista cearense Lira Neto, trata da trajetória de Cícero nos conflitos de interesses religiosos na diocese do Ceará, bem como da sua trajetória política como principal líder da região do Cariri.
O Padre Cícero foi uma mistura de líder religioso – na verdade um santo vivo para os romeiros de juazeiro – condimentado com a sua liderança política. Após a independência de Juazeiro da cidade do Crato, Cícero foi aclamado prefeito da cidade. Influenciando as pessoas mais humildes; entre elas, beatos, jagunços e cangaceiros, Cícero influenciou e foi influenciado por lideranças políticas da época. A junção de interesses religiosos com interesses políticos tinha um único objetivo, derrubar o governo estadual.
Foi assim que Cícero, através de seu carisma como líder espiritual, manipulou a população de Juazeiro para a consecução de seus interesses.
Lula é um Padre Cícero moderno. É visto como quase um santo pelos seus eleitores. Detentor de toda ética e moral que possa existir, a sua imagem de nordestino sofrido, aliada a sua precária educação, torna o Presidente da República a verdadeira e fiel representação da classe pobre brasileira.
Assim como foi com o Padre Cícero, Lula também é manipulado, aliás, talvez, ele mesmo não saiba disso ainda, pois sua pureza está acima de tudo.
Assim como Cícero, Lula usa de seu carisma para controlar a mente do povo, como um feitiço, mas não com milagres ou rezas, mas com bolsas e improvisos.
Líder de uma turba que apenas tem por objetivos pilhar os cofres públicos, os oitos anos de seu governo foram marcados por escândalos de corrupção, omissões, incoerências, descabimentos, afrontas a direitos constitucionais e muita, muita mentira.
Portanto, as afirmações do embaixador americano, Clifford Sobel, retratam apenas a realidade, nada mais.
Afirmar que as declarações do embaixador americano são insignificantes, mostra como Lula concebe a mente do brasileiro; um recipiente vazio de informações e ausente de qualquer inteligência.

(Por Franco Aldo – 30/11/2010 – às 20:31hs)

domingo, 28 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Dia Histórico no Combate à Criminalidade no Rio

Assassino de Tim Lopes é preso no Complexo do Alemão
Elizeu Felício de Souza, o Zeu, estava escondido em uma casa da comunidade

A polícia prendeu na tarde deste domingo (28) Elizeu Felício de Souza, o Zeu, um dos assassinos do jornalista Tim Lopes e um dos principais nomes do tráfico de drogas da região.
Zeu estava foragido da polícia desde 2007, quando fugiu da prisão no primeiro dia após conseguir o direito do regime semiaberto. Ele cumpriu apenas cinco dos 23 anos a que foi condenado.
O criminoso foi preso em uma casa, no Largo do Coqueiral, dentro do Complexo do Alemão. Ele estava desarmado e, segundo o coronel Álvaro Garcia, chefe do Estado Maior da Polícia Militar, ofereceu uma pequena resistência, mas foi convencido pelos policiais a se entregar. "Ele tinha medo de se entregar, mas os policiais garantiram que se ele se entregasse seria conduzido sem violência, então ele cedeu rapidamente", garantiu.
Para o coronel, a prisão de Zeu foi a mais importante desta operação até agora. “O trafico do Rio está com as pernas quebradas”, finalizou.

(Por Daniel Gonçalves e Fábio Grellet, especial para o iG | 28/11/2010 15:12)

É fato que o dia 28/11/2010 ficará para a história do Rio de Janeiro e do Brasil, devido à megaoperação de combate ao tráfico de drogas que foi coroada com a invasão do complexo do Alemão; uma área enorme composta de dezenas de favelas, onde o poder público – a polícia – já há muito tempo não tinha ingerência.
Como já disse, os verdadeiros interesses da pacificação de uma das regiões mais violentas e perigosas do Brasil e, quiçá, do mundo, estão visíveis para aqueles que querem enxergar. Mas o fato é que, mesmo assim, o Governo Cabral conseguiu algo que nenhum outro governo se propôs a fazer, combater o tráfico como deve ser combatido.
A violência do Rio e o tráfico de drogas é o resultado de muitas décadas de descaso político, e não se resolverá de uma hora para a outra. A repressão é apenas umas das dezenas de ações que o Governo do Rio e o Governo Federal deverão implantar na cidade.
Acho que apesar do clima festivo de empolgação com as ações do poder público, o atual governo e os futuros deverão mostrar que realmente estão interessados em combater a criminalidade como deve ser combatida; com educação, inclusão social, saúde e segurança.
Todos que me conhecem sabem que não sou partidário do governo do PT, muito menos do governo do PMDB de Sérgio Cabral, mas é preciso enaltecer a união desses governos na repressão à criminalidade no Rio, apesar de por trás dela se esconderem forças políticas e econômicas que têm o único interesse de civilizar temporariamente o Rio de Janeiro até o fim dos grandes eventos (Copa e Olimpíadas).
É muito difícil imaginar que esse sacrifício no combate ao tráfico de drogas tenha apenas o objetivo trazer esperança aos moradores das comunidades afetadas, até porque seria muita tolice pensar assim, mas com certeza trará algo de bom, mesmo que seja o mínimo, numa região que nunca teve nada.
Com interesses verdadeiros e saudáveis, as regiões que antes pertenciam ao obscuro poder paralelo dos traficantes podem se tornar comunidades saudavelmente incluídas nas políticas públicas do governo.
A guerra ainda não terminou, muito menos foi vencida.

(Por Franco Aldo – 28/11/2010 – às 19:29Hs)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O Orgulho de ser Carioca e Brasileiro. Agora vai ou racha

Exército só empregou tropas após Cabral admitir incapacidade
Sem aplicação da Garantia da Lei e da Ordem, militares veem tropa juridicamente desprotegida. Lei diz que governador tem de reconhecer meios insuficientes

O Exército levou ao pé da letra a Lei Complementar 97/99, que regula o preparo e o emprego das Forças Armadas em atividades subsidiárias, e só aceitou empregar 800 homens no Rio mediante pedido formal do governador, Sérgio Cabral, e estabelecimento de operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Assim, Cabral precisou, como determina a lei complementar, reconhecer formalmente ao governo federal não ter capacidade de preservar “a ordem pública” e a “incolumidade das pessoas e do patrimônio”. A medida teve de ser autorizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a norma, alterada pela Lei Complementar 117/2004, Marinha, Exército e Aeronáutica só podem ser acionadas quando o chefe do Executivo federal ou estadual reconhecer os instrumentos de polícia "esgotados", "indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional".
Em entrevista coletiva esta tarde, o governador do Rio e o secretário de Segurança evitaram dizer claramente que houve reconhecimento formal dessa incapacidade, exigido pela lei.
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, porém, elogiou a “coragem da decisão” de Cabral. “É uma operação que sempre tem grau de risco, e alguns políticos não gostam de assumir riscos, preferem contornar. Sabemos que não é um momento de contornar, mas de enfrentar os riscos. O senhor não conta [apenas] com a colaboração, mas com o apoio irrestrito do governo federal no cumprimento de seu dever”, disse Jobim.

(Por Raphael Gomide, iG Rio de Janeiro | 26/11/2010 19:12)

No dia 23 de novembro publiquei o artigo, ‘O terror no Rio e as desavenças no acordo de cavalheiros’, e diante da ajuda da Marinha e, agora, do Exército, admito que queimei minha língua.
Mais uma vez, gostaria de explanar que não interessa os reais motivos que estão obscurecidos com essas ações contra a criminalidade do Rio, mas o que importa no momento é aplaudir a ação do Governo Cabral que teve a coragem, se nenhuma preocupação política, de solicitar a ajuda do Governo Federal nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Acredito que agora é a hora do poder público tomar os principais pontos de venda de drogas do Rio, para a partir daí, implantar uma política de profunda e verdadeira inclusão social nas comunidades afetadas.
As operações estão ainda no início e, até o momento, o poder público tem levado a melhor, mas acho que agora não tem mais volta. Ou o Governo se impõe de vez nas questões contra o tráfico de drogas, ou, talvez, as coisas nunca serão resolvidas.
É claro que a ocupação dos principais morros do Rio não resolverá os problemas da violência e nem do tráfico de drogas, mas poderá ser o início de uma profunda transformação social.
O combate ao tráfico e ao banditismo se faz não só com a coerção, mas também com políticas públicas de inclusão social, como a educação, a profissionalização, oportunidades de emprego e, principalmente, qualidade de vida para todos.
Estou em Mato Grosso acompanhando pela TV e pela Internet as ações das polícias e, sinceramente, um sentimento de orgulho toma meu coração ao perceber que o Rio tem dono; não o tráfico de drogas, mas o poder público, formado por todos nós, homens de bem.
Esse, talvez, seja o sentimento de todos aqueles que sentem orgulho de ser carioca e, num plano maior, brasileiros.

(Por Franco Aldo – 26/11/2010 – às 21:36hs)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: As Ações da Polícia no Rio. É assim que tem que ser

Independentemente do real interesse das ações do Governo do Rio contra o terrorismo dos marginais que defendem o tráfico de drogas na cidade maravilhosa, as ações conjuntas das polícias militar, civil e, também, da Marinha do Brasil estão de parabéns. É isso que a população do Rio quer. O povo quer ver as forças legais se imporem frente à audácia dos traficantes, pois é muito frustrante sair às ruas sabendo que, a qualquer momento, o ônibus ou o seu carro podem ser alvos de marginais, e acabar por isso mesmo.
O que nós vimos hoje nas ações dos policiais da cidade do Rio de Janeiro foi o mínimo que tem de ser feito para coibir as ações criminosas no Estado e, também, mostrar o verdadeiro poder que deve se impor em nossa sociedade, o poder público.
É claro que somente ações de coerção não resolverão o problema da criminalidade no Rio, mas o que tem que existir também são ações de longo prazo que tenham por objetivo, não só diminuir os níveis de violência na antiga capital federal, mas também em todo o Brasil, como, por exemplo, uma profunda transformação na qualidade de nossa educação.
Se as ações têm por objetivo deixar a cidade mais civilizada para a copa do mundo e para as olimpíadas, que assim seja, mas espero que depois de tudo isso, com o término desses grandes eventos, sobre um pouco de paz por aqui.
Mais uma vez, parabéns não só à PM do Rio e ao BOPE que ultimamente tem estado tão badalado, mas também à polícia civil e ao CORE.

(Por Franco Aldo - 25/11/2010 - às 22:52hs)

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O Terror no Rio e as desavenças no 'Acordo de Cavalheiros'

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Rio de Janeiro vive o terceiro dia de ações de violência nesta terça-feira, atribuídas pelas autoridades a traficantes, em que carros foram incendiados e uma cabine da Polícia Militar foi alvo de tiros, levando pânico a várias partes da cidade.
Em reação ao ataques, que começaram no domingo com outros carros incendiados, a polícia iniciou operações simultâneas em 15 favelas e reforçou o patrulhamento nas ruas com mais 1.200 policiais, além da presença do Batalhão de Choque nas vias expressas.
Numa dessas operações, na Favela Mandela, em Manguinhos, um suspeito foi baleado numa troca de tiros com a polícia, segundo um fotógrafo da Reuters no local. A PM não confirma se a vítima morreu.
No terceiro dia de violência na cidade, duas pessoas morreram dentro de um carro que foi metralhado na rodovia Washington Luis, importante via de acesso à capital. De acordo com a polícia, o incidente, em princípio, não teria ligação com os ataques a carros.
Policiais rodoviários federais foram acionados para intensificar o patrulhamento nas rodovias, após um pedido feito pelo governador Sérgio Cabral ao Ministério da Justiça. De acordo com o governo do Rio, Cabral também conversou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o pedido de reforço.
Em Copacabana, onde acontece a convenção esportiva internacional Soccerex com empresários e dirigentes esportivos do mundo todo, a polícia prendeu durante a madrugada quatro homens acusados de tentar incendiar veículos em ruas do bairro.
O grupo, entre eles dois menores de idade, foi detido com artefatos incendiários caseiros que seriam colocadas sob veículos estacionados, de acordo com a polícia.
Quatro veículos foram incendiados desde a noite de segunda-feira na zona norte da capital, onde os ataques começaram na tarde de domingo também com carros queimados nas ruas.
"Esses ataques incendiários estão sendo orquestrados por uma facção criminosa", informou a Polícia Civil em nota nesta terça. Segundo a polícia, não houve vítimas ou feridos nos ataques contra veículos.
REPRESÁLIA A UPPs
Uma cabine da Polícia Militar em Del Castilho, na zona norte da cidade, foi alvejada com cerca de 50 tiros, mas ninguém se feriu.
As autoridades de segurança do Estado consideram os ataques uma represália pela implantação das UPPs, as Unidades de Polícia Pacificadora, em favelas da capital fluminense que antes eram controladas pelo crime organizado.
Segundo fontes da Secretaria de Segurança, os suspeitos querem apavorar a população e causar uma sensação de insegurança na cidade, que será o palco principal da Copa do Mundo de 2014 e a sede dos Jogos Olímpicos de 2016.
Para o sociólogo Ignacio Cano, coordenador de diversos estudos sobre a violência no Rio de Janeiro, os ataques podem ter o objetivo de desestabilizar a segurança, mas não tem o mesmo impacto de ações criminosas do passado.
"Na queima de carros parece que realmente há uma intenção de criar um certo pânico, impactar a população, e pode haver uma intenção dos grupos de desestabilizar a situaçãoo da segurança pública", disse à Reuters o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
"Mas, apesar disso, nós já tivemos episódios muito mais graves, como ataques a ônibus, ataques a delegacias, e ordem para fechar o comércio, no final de 2006", afirmou, acrescentnado que dessa vez um grupo menor pode ser o autor dos ataques.
A implantação das UPPs em 15 das centenas de favelas espalhadas pela cidade é considerado o maior avanço na área de segurança pública do Rio de Janeiro nos últimos anos, e a medida foi inclusive citada pelo Comitê Olímpico Internacional como um exemplo de que a cidade será segura para a Olimpíada de 2016.

(Com reportagem adicional de Rodrigo Viga Gaier)


Ontem eu publiquei o artigo ‘Os ataques terroristas no Rio e o destemido Cel Nascimento’. Mas deixando de lado a hipocrisia, vejo que a situação pode ser contornada com um simples ‘acordo de cavalheiros’.
Quero dizer que o Governo não tem a mínima intenção de combater o crime organizado, principalmente aquele que ‘trabalha’ com o tráfico de drogas, pelo simples motivo da rentabilidade econômica que favorece todos os envolvidos, sejam eles ‘os donos do pedaço’, os bandidos, a polícia e o próprio governo.
O que pode está acontecendo é um ‘mal-entendido’ entre as partes; os traficantes e as forças legais. Talvez o poder legal esteja exigindo um comportamento demasiado frustrante aos traficantes, tanto economicamente, quanto a um possível comedimento em suas ações. Como não houve entendimento da outra parte (dos traficantes), resolveram, então, demonstrar a sua insatisfação com o sistema, ateando fogo em carros e promovendo arrastões.
Posso arriscar como um tolo que essa onda de terror pode ser mais um protesto relacionado à promiscuidade do crime organizado com o poder legal, do que uma reação de sufoco de uma possível e verdadeira ação de cerco e abafa contra o comércio das drogas.
Mas tenho certeza que tudo será resolvido até os grandes eventos que virão (Copa e Olimpíadas), afinal, como já bem disse, o tráfico de drogas é rentável para todos os envolvidos; bandidos, polícia, advogados, juízes, políticos, uma parcela da população dependente... etc.
Só queria estar completamente enganado no que digo, pois assim, talvez, haveria uma brecha de esperança no fim do túnel.

(Por Franco Aldo – 23/11/2010 – às 13:28hs)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Os Ataques Terroristas no Rio e o destemido Cel Nascimento

Ainda vivendo o clima de heroísmo do Coronel Nascimento em ‘Tropa de Elite 2’, o Rio de Janeiro jaz, nesta semana, numa atmosfera de terror que foge do controle das forças legais.
Saques, carros incendiados, arrastões, tudo isso, simultaneamente, em vários pontos da cidade, está causando o pânico e terror à desprotegida população carioca. Enquanto isso as autoridades tentam se justificar com respostas evasivas, alegando as mesmas desculpas de sempre.
O fato é que há muito tempo o Rio de Janeiro está entregue à bandidagem e às forças corruptas do Estado. Qualquer que seja a solução de imediato não será suficiente para declarar de vez a ordem na cidade.
Como disse, a segurança pública no Rio de Janeiro, já há muito tempo, está entregue às baratas, mas a situação fica ainda pior quando os responsáveis por nossa segurança – o Governador e seu Secretário de Segurança Pública – se omitem de fazer o que tem de ser feito, por simples questões políticas. Isto é, não dar o braço a torcer para a oposição.
A ajuda do Governo Federal poderia ser uma solução imediata para o caso, mas, com certeza, o envio de um contingente federal seria motivo para que a oposição difamasse o atual governo do Estado.
É claro que a ajuda momentânea das Forças Federais não seria a solução do problema, mas seria, pelo menos, um indício de que nossos incompetentes mandantes estariam verdadeiramente preocupados com a cidade e com a sua população.
Acho que nos resta apenas orar a Deus e, porque não, pela ajuda do Coronel Nascimento e sua turma destemida do BOPE.

(Por Franco Aldo – 22/11/2010 – às 21:35Hs)

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: O aumento do Mínimo para R$ 540,00 em 2011

Comissão aprova mínimo de R$ 540 em 2011 em relatório preliminar

BRASÍLIA (Reuters) - O relator geral do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), confirmou que a Comissão Mista de Orçamento aprovou nesta terça-feira no texto base do relatório preliminar o valor de 540 reais para o salário mínimo a partir de 2011.
Argello disse a jornalistas que para aumentar o mínimo além desse valor, é preciso que o governo edite uma medida provisória apontando a origem dos recursos. O mínimo atualmente é de 510 reais.
"É preciso ter uma MP para apontar a fonte; não pode ser por projeto de lei, tem que ser por medida provisória", disse, ressaltando que somente o arrendondamento previsto em seu relatório para 540 reais custará mais de 1 bilhão de reais.
A sessão foi suspensa para que Argello possa analisar os 48 destaques apresentados ao seu relatório.

(Reportagem de Leonardo Goy)

Não precisa ser economista e muito menos um político preocupado com as questões sociais – se é que existe – para se ter idéia da fragilidade econômica do salário mínimo. Um aumento condizente é, e sempre foi, rechaçado pela maioria do congresso sob as mais diversas alegações, entre elas a possível quebra do Instituto Nacional da Previdência Social, o INSS. Ora, isso é um argumento até plausível, mas não é a única verdade que se esconde atrás dos interesses das oligarquias regionais.
Não preciso esclarecer que a maioria dos políticos ‘profissionais’ que tomam de assalto o Congresso Nacional estão ali para defenderem os interesses dos coronéis, dos grandes agroindustriais e grandes comerciantes regionais. Portanto, os maiores interessados pela manutenção de um salário baixo são eles. É lógico que o governo restaria também afetado em seu orçamento com um aumento demasiado do salário mínimo, mas existem soluções possíveis para isso, como uma possível desvinculação do salário mínimo no pagamento das pensões e aposentadorias. Mas a oposição encontra como argumento principal, a essa idéia da desvinculação, perdas ainda mais graves no poder econômico das aposentadorias e das pensões. É lógico que o governo, nessa situação, deveria encontrar um mecanismo que conservasse o poder monetário das pensões e aposentadorias para que assim não descambasse em profundas perdas reais.
Mas nesse jogo que envolve ganhos e perdas de dinheiro, os maiores beneficiados não é povo e sim os grandes empresários que diante do grande mercado de mão-de-obra barata, pagam muito pouco por longas jornadas de trabalho.
Hoje em dia, apesar de ainda muito frágil, o salário mínimo pode ser muito bem aproveitado para a manutenção de uma vida quase digna. O luxo dos comerciais de TV e da novela pode ser substituído pelo produto de 5ª categoria da China, bem como os artigos de uso do dia-a-dia (roupas, calçados e aparelhos domésticos), pirateados e vendidos nos camelôs, podem ser facilmente adquiridos a preços irrisórios. Quanto à comida, o trabalhador come mal mesmo, e pouco. Com pouca imunidade, encontra no serviço de saúde a sua triste realidade, o descaso e o desamparo. Portanto quando digo quase digna, quero me referir a uma condição de vida adaptada ao nível de miserabilidade que o poder do salário mínimo traz ao trabalhador.
Um aumento de 40 ou 100 reais no salário mínimo pode significar para o trabalhador um kilo a mais de feijão na dispensa. Significa, também, para o empresário mais encargos a pagar e um aumento em sua folha salarial. Portanto como ainda vivemos numa feitoria maquiada de modernidade, um aumento no salário do trabalhador representa um batalha política sangrenta e, no fim, quem vence são sempre os mesmos, os coronéis, os donos dessa terra.

(Por Franco Aldo – 16/11/2010 – às 22:35hs)

Espaço Reflexão: Folha de papel

Branco é uma simples folha de papel
Como é o sentido do universo infinito
Um mundo de imaginações diversas
Que de tão sortidas,
Como as cores do arco-íris, tornam-se alvas.
Em branco é o fundo de meu coração
Que de vermelho misturou-se, virou rosa.
Brancos são as luzes acesas
Como as velas que representam vida.
Brancos são as feridas que esfolam a pele
Branca, negra, amarela, tanto faz...
Que das ondas verdes marulhentas
Do contato com a areia branca
Sempre são brancas as espumas de fricção,
Como também é branca a descarga de amor
Grudenta que se faz incolor.
Branco são os meus pensamentos
Que de tanto pensar coisas belas
Caí numa alva e falsa depressão singela.
Também é branco o sorriso forçado
Diferente do alvo luar nos jardins floridos
Que de tão belo amor verdadeiro
Tornar-se-ão claros como a chama da vida.
Branca é a pomba da paz, que de plácida postura,
Não permanece em lugar fixo, muda-se, voa.
Brancos são os meus sentimentos
Que de tão complexos misturaram-se...
Transformaram-se... Unificaram-se,
Como uma folha de papel... Branca.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Espaço Esporte: Arbitragem favorece Corinthians que assume a liderança do brasileirão

O penalty marcado em Ronaldo pelo árbitro Sandro Meira Ricci (DF) no jogo Corinthians e Cruzeiro mostra que será muito difícil tirar o título de campeão brasileiro do Corinthians, pois se o time não mostrar muita bola pra vencer os três adversários que faltam, a arbitragem, como nos jogos anteriores, colaborará bastante.
No meu entendimento, o penalty marcado em cima de Ronaldo foi uma invenção do Sr Sandro Meira Ricci, portanto não existiu.
O Botafogo está fora da briga pelo título, portanto, dos três (Corinthians, Fluminense e Cruzeiro), que vença o melhor. Não tenho torcida pra nenhum.
Alguns amigos meus dizem que é melhor torcer pelo Flu a ver um clube paulista levar a taça. Isso é um preconceitozinho provinciano. Se existe isso por parte dos paulistas que fique por lá. Aqui não, acho que ignorar tamanha bobagem seria o mais adequado.
O comentarista esportivo dos canais ESPN, Mauro Cézar Pereira, fez um levantamento de dezenas de jogos do Corinthians em que foi constatada a ajuda da arbitragem no resultado do jogo, favorecendo o clube paulista; seja por penaltys inexistentes, seja por impedimentos, também, inexistentes. Em alguns jogos o timão foi prejudicado, mas foram muito poucos jogos.
É inadmissível, na reta final do campeonato, um erro tão grosseiro (como o caso do penalty em Ronaldo) ser aceito sem nenhuma punição adequada. E todo mundo sabe que no mundo do futebol marmelada existe e sempre existiu. Se foi favorecimento explícito ou não ao Corinthians, tanto faz. O árbitro não será exemplarmente punido. Ficará o disse pelo não disse. O Cruzeiro segue prejudicado e o tempo apagará da memória, só restará o resultado. E é por isso que as marmeladas acontecem.
O Corinthians é um clube de massa e de muita influência política na CBF, talvez o silêncio da entidade e da comissão de arbitragem seja a melhor resposta.
Já o Fluminense empatou ontem com o Goiás no Engenhão, em 1X1. O clube goiano jogou com muita raça e ficou boa parte do jogo na frente. O Flu empatou de penalty com Conca, aos 38’ do 2º. Por sinal, também, um penalty duvidoso. O empate custou a liderança do tricolor carioca que está com um ponto atrás do líder Corinthians.
Para finalizar, a arbitragem conseguiu, mais uma vez, chamar a atenção de todos na reta final do campeonato. De um modo geral a arbitragem aqui no Brasil é ruim, agora resta separar incompetência da picaretagem.
A lição da 35ª rodada do brasileirão foi a seguinte: ‘de olho nos três da frente e de olho, principalmente, no homem de preto.’

(Por Franco Aldo – 15/11/2010 – às 10:59hs)

sábado, 13 de novembro de 2010

Espaço Curtas: Feriadão nublado, Aniversariante do mês e Silvio Santos

Curtas 1: Começou o feriadão aqui no Rio, mas o clima não é de alegria. O tempo está feio, nublado e chato, portanto praia só para os turistas. A única coisa que pode animar as coisas por aqui é a rodada do brasileirão; as esperanças estão por conta do Fluminense que joga com o Goiás, domingo, no Engenhão.

Curtas 2: No dia 16 de novembro a socialite carioca Lêda Macena fará aniversário, mas não promoverá nenhuma comemoração com os amigos . Envolvida com ensaios e estudos teatrais, Lêda apenas reunirá em momento oportuno os amigos mais íntimos, numa comemoração que, ao que tudo indica, deve ser de muita pompa.
Parabéns Lêda Macena!

Curtas 3: Enquanto isso nos bastidores financeiros, a curiosidade fica por conta de Silvio Santos e seu empréstimo de 2,5 bilhões de reais, dando como garantia o SBT, para encobrir os rombos do banco Pan Americano.
Segundo o presidente do conselho do FGC, Gabriel Jorge Ferreira, o empresário Silvio Santos se dispôs a vender todas as suas empresas se for preciso para saldar o empréstimo.
"Nunca vi um empresário fazer isso. Se colocar nessa situação", afirmou Ferreira.
Será que a era Silvio Santos está no fim?
Fica difícil acreditar na quebra de Silvio Santos, pois o seu nome sempre foi ligado a esperteza no trato com o dinheiro e sua vida é um exemplo de luta e sucesso.

(Por Franco Aldo – 13/11/2010 – às 11:52hs)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Tiririca está quase diplomado

Tiririca consegue ler e escrever, mas decisão cabe ao juiz
Deputado federal eleito conseguiu ler as manchetes apresentadas a ele e também escrever uma frase ditada

O deputado federal eleito Francisco Everardo Oliveira Silva, mais conhecido como o comediante Tiririca, conseguiu escrever o ditado a que foi submetido hoje em processo que corre na Justiça Eleitoral de São Paulo. Ele também conseguiu ler em voz alta as manchetes de jornais que foram apresentadas a ele.
A frase ditada foi extraída aleatoriamente de um livro da Justiça Eleitoral. “A promulgação do código eleitoral em fevereiro de 1932 trazendo como grandes novidades a criação da Justiça Eleitoral”. As manchetes foram “Procon manda fechar lojas que vendem produtos vencidos” e “O tributo final a Senna”. Para ser candidato no Brasil uma pessoa tem que ser alfabetizada e o Ministério Público levantou a suspeita de que ele não seria alfabetizado. O teste foi feito na manhã desta quinta-feira nas instalações do TRE-SP.
Após pausa para o almoço, Tiririca retornou ao prédio do TRE para participar do depoimento de testemunhas. Segundo o presidente do tribunal, Walter de Almeida Guilherme “não se pode afirmar se ele sabe ler ou escrever” a partir do teste feito. A decisão caberá ao juiz Aloízio Silveira, da primeira zona eleitoral.
Tiririca foi convidado a fazer um teste grafotécnico para constatar que a carta entregue à Justiça Eleitoral havia sido escrita de próprio punho. Mas ele se recusou a fazer o teste grafotécnico, agindo dentro do que prevê a legislação, já que ele não estava obrigado a apresentar provas contra ele mesmo. Por isso foi submetido aos exames de leitura e ditado.

Diplomação

O presidente do TRE-SP, Walter Almeida Guilherme, informou que o deputado eleito "vai ser diplomado, independentemente do resultado ou da decisão do juiz" que julgará se Tiririca é alfabetizado. Segundo Guilherme, "o registro (da candidatura) foi deferido tecnicamente e não existe nenhuma provocação para que se desfaça esse registro".

(Por Piero Locatelli, iG São Paulo | 11/11/2010 15:03)


Sinceramente, nada nesse país me espanta. O ano de 2005 foi o ano dos escândalos de corrupção; CPI dos Correios, dos Bingos, do Mensalão... Alguns poucos foram cassados (Roberto Jéferson, José Dirceu...), outros se reelegeram, ainda com o carisma da visão desajustada de alguns.
Tudo que ocorreu em 2005 foi esquecido. Se fosse num país sério, talvez, a imagem embriagada do nosso presidente restaria impedida de comandar o país no pós-mensalão, mas tudo foi deixado de lado.
O fato é que o Governo Lula sobreviverá a oito anos de corrupção, caixa dois, programas assistencialistas e um pálido equilíbrio no campo econômico.
Para os menos esclarecidos, uma economia equilibrada é o indício de progresso e crescimento; expressões genéricas utilizadas a todo o momento pelo presidente. Mas a verdade é bem diferente. Pertencemos ao país da mendicância, da troca de favores e da impunidade.
Serviços públicos da área de saúde, da educação e da segurança estão falidos; não por falta de verbas, mas por falta de caráter e punição.
Hoje, acabamos de eleger a candidata da situação que, como tudo indica, continuará com a espoliação da máquina pública e com a continuação dos programas assistencialistas de fins eleitoreiros.
A escolha de Tiririca para compor a câmara dos deputados é, talvez, a maior vergonha que uma instituição possa ser posta à prova. Se ética, valores morais e caráter existissem no sistema legislativo brasileiro, talvez, personagens como o palhaço Tiririca pudessem ser rechaçados. Mas não há, como também não existem tais premissas em nossa sociedade, ou melhor, existir existe, mas apenas são invocadas quando algo pisa em nossos pés; é a manutenção do ‘cada um por si’.
Antes do pleito eleitoral, a Justiça Eleitoral já tinha aceitado a candidatura de Tiririca, que foi eleito com mais de 1 milhão de votos. Cassar o mandato de Tiririca antes mesmo de ser diplomado deputado tornaria a imagem da Justiça Eleitoral pior do que já está. Portanto, os interesses na diplomação do palhaço vão desde os do partido (PR), dos articuladores do fantoche (verdadeiros interessados em sua candidatura), aos dos comandantes do TSE/TRE-SP.
Diante disso tudo, nada me espantará se for constatado que realmente o palhaço é analfabeto e que esse suspeito teste seja apenas uma prova fajuta de mais uma ação política que menoscabada nossas instituições.
Mais lama num país atolado por completo pela corrupção e pela falta de valores morais.

(Por Franco Aldo – 11/11/2010 – às 19:26hs)

Espaço Esporte: Botafogo dá adeus ao título

O Botafogo deu adeus ao sonho do segundo título brasileiro ao empatar, por 2X2, com o Ceará, em Fortaleza.
O time de Joel Santana começou bem a partida e abriu o placar, aos 11’, com Loco Abreu, mas cedeu o empate, aos 22’, numa falha da zaga alvinegra; Rosário recuou mal para Leandro Guerreiro que não dominou a bola, Magno Alves aproveitou a bobeira e encheu o pé no canto esquerdo de Jéferson, sem defesa para o goleiro da seleção.
Quando tudo parecia mal para o Botafogo, as coisas ficaram ainda piores com um balaço de Geraldo, aos 34’, no ângulo esquerdo de Jéferson, indefensável.
Depois da virada, o Ceará cadenciou mais o jogo e terminou o primeiro tempo com maior posse de bola. Já o Botafogo com seus vários desfalques, principalmente na zaga, jogou aquilo que podia jogar. Mal na marcação, cedeu muito espaço ao adversário que quase ganhou a partida.
Aos 11’ do segundo tempo, num lance raro de ataque do Botafogo, Loco Abreu, mais uma vez, deixou a sua marca, empatando o jogo, aliás, o Loco foi o destaque do Botafogo, pois aproveitou muito bem as chances de gol que teve na partida.
Depois do empate, resta agora ao Botafogo se manter no G4 da competição, pois o Grêmio e o Atlético Paranaense ameaçam tirar a vaga do Fogão na Libertadores de 2011.
Os próximos jogos do Botafogo serão contra o Inter, no Engenhão, Prudente, também no Engenhão e Grêmio, no Olímpico.

(Por Franco Aldo – 11/11/2010 – às 09:27hs)

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: Do País de Macunaíma à Prova do ENEM, descaso que vira questão política

Recentemente postei aqui no blog o meu comentário a respeito da qualidade do ensino público no país e a prova do ENEM como dispositivo para ingresso nas universidades públicas. Disse que havia um contraste entre o que é ensinado nas escolas e o que é cobrado no ENEM. Arrependi-me do comentário, depois da bagunça na aplicação da prova do ENEM 2010. O nosso sistema de ensino como um todo está jogado às traças.
Se fosse apenas bagunça na aplicação, o problema talvez não fosse tão greve, mas o que se viu foi uma bagunça generalizada, tanto do lado do governo que teve o desplante de elaborar uma prova muito mal formulada; com questões de dupla resposta, com questões sem respostas e até faltando questões! Como do lado da gráfica que colaborou bastante com uma impressão de péssima qualidade, com vários erros grosseiros e, para piorar, com troca de cartões-resposta. Além de tudo isso, foi constatada a falta de rigor na aplicação, ou melhor, falta de fiscalização; até foto da prova e envio para a internet foi constatado!
Tomando as palavras do Senador Cristovam Buarque, ‘o governo agiu com descaso’, frase muito bem colocada para estampar o que é o atual governo, quando o assunto diz respeito à educação. Não é por menos, pois o nosso líder maior se vangloria que ‘nunca precisou estudar para chegar aonde chegou’, triste pensamento.
Para piorar a situação, a Justiça do Ceará suspendeu a eficácia do ENEM transladando o problema do descaso para a seara política.
E para não perder a viagem, podendo permanecer com a boca fechada, o nosso presidente afirmou que ‘o ENEM foi um sucesso’. Triste comentário que tem um fundo de verdade, pois de incompetentes seu governo foi repleto, um a mais como o Ministro da Educação Fernando Haddad não pesará tanto, talvez seja o escândalo final que faltava. Esse é o governo Lula, muito mais preocupado em distribuir bolsas-esmolas do que se preocupar com o que verdadeiramente trará futuro para o país.
Voltando ao ENEM, o Ministro da Educação deu uma entrevista alegando que será muito gravosa a anulação do certame. Segundo ele, o mais coerente seria aplicar uma nova prova para aqueles que se sentiram prejudicados.
A Justiça do Ceará suspendeu a prova alegando que se for dada uma nova oportunidade àqueles que foram lesados, o princípio da isonomia, ou igualdade, restaria afetado. Vale lembrar que tal princípio é o corolário de qualquer competição pública e sua afronta tornaria ilegal a eficácia do concurso.
O Estado moderno preza tanto o quesito eficiência, transparência e credibilidade que chego a pensar que aqui no Brasil a modernidade é ainda algo que está anos-luz. Quando o assunto diz respeito a setores-chave do país como educação, saúde e segurança as coisas parecem ser conduzidas com uma falta de vontade, sem falar na moralidade duvidosa. São os setores que mais verbas são destinadas e os que visivelmente mais precisam ser reformulados; desvios de dinheiro público em todos os níveis gerenciais, má administração, falta de fiscalização, falta de cobrança da população...
País comandado por gente sem escrúpulos, oriundos de uma população – no geral – sem escrúpulos, de leis e oratória de escrúpulos suspeitos... Somos o país de Macunaíma!

(Por Franco Aldo – 09/11/2010 – às 10:48Hs)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Espaço Esporte: Botafogo não é time de chegada

O Botafogo não é time de chegada e comprovou isso ontem ao empatar com o Avaí, em 0 X 0, no estádio da ressacada.
Apesar de jogar fora e com um adversário que luta para deixar a zona de rebaixamento, o Botafogo, que antes sonhava com o título nacional, mostrou que é um time limitado, para não dizer fraco.
Surpreendentemente, o clube vem fazendo um excepcional campeonato, tendo por base seu elenco formado quase todo por refugos de outros clubes, muito mais pela disposição do time e pelos esquemas táticos que o técnico Joel Santana vem mostrando em campo, do que pela qualidade técnica, como um todo, do seu plantel.
Mas, ontem, o Botafogo mostrou a sua verdadeira face. Foi dominado boa parte do tempo pelo adversário e teve muito poucas chances de abrir o placar.
Com atuações apagadas de Lúcio Flávio, Loco Abreu e Edno, o Botafogo não conseguiu criar e foram raras as vezes que chegou próximo do gol adversário. O único que se esforçou dentro de campo foi o atacante Jobson que praticamente criou sozinho as principais jogadas de ataque.
No mais, o clube mostrou que uma vaga na Libertadores já está de bom tamanho para a qualidade de seu plantel.
Estou muito satisfeito com o time, pois nunca acreditei que esse elenco pudesse figurar entre os quatro primeiros do campeonato.
Mesmo que não consiga a vaga na Libertadores, acho, pelo investimento que foi feito, que a missão foi bem cumprida.
Mas só não consigo entender porque faltando quatro jogos para o fim do campeonato, o time não consiga se impor, superar suas deficiências, num gás a mais rumo à conquista histórica. Mesmo que não conseguisse ser campeão, mas disposição tinha que ser mostrada. Ontem o Botafogo não mostrou nada, nem técnica, nem disposição, nem sorte. O único destaque foi Jéferson que trabalhou bastante.
Agora vai a velha lição. Pra ser time de chegada tem que ter, no mínimo, um bom plantel, como o do Flamengo no ano passado. O Flamengo arrancou porque tinha um bom time e que inexplicavelmente fazia um mau campeonato. Portanto não dá pra fazer milagres com pouco investimento.

(Por Franco Aldo – 08/11/2010 – às 12:24Hs)

domingo, 7 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Prova de Redação do ENEM

Candidatos encerram prova do Enem preocupados com a redação
Estudantes fizeram provas neste sábado de ciências da natureza e ciências humanas

Alívio e cansaço. Essas foram as palavras mais citadas entre os candidatos que deixavam o prédio da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), por volta das 17h deste sábado (6), após o primeiro dia de provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
"Tive mais facilidade com as questões de ciências da natureza, mas apenas por gostar mais dessa área do que de humanas", avaliou a estudante Ana Carla Titoneli, 18 anos, que está concluindo o Ensino Médio em uma escola particular e pretende cursar Engenharia de Produção na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Ela já havia feito o Enem no ano passado, para adquirir experiência, e considerou a primeira prova deste ano mais simples. "Amanhã que é o problema, por conta da redação", disse.
O universitário Caio Passos, 18, já cursa Educação Física na UFRJ, mas quer transferir para Biologia e, por isso, fez o Enem. "A prova de hoje foi abrangente. Cobrou mais temas que a prova do ano passado", avaliou. "As duas provas de hoje foram parecidas em termos de dificuldade. A redação é sempre o maior desafio", completou.
O movimento de candidatos em frente ao campus da UERJ no bairro do Maracanã, na zona norte do Rio, causou um pequeno congestionamento na Rua São Francisco Xavier, que foi dissipado por volta das 17h45.

(Por Fábio Grellet, especial para o iG | 06/11/2010 18:23)

Trabalhei por três anos lecionando redação para jovens em cursinho preparatório e sei bem o que significa para muita gente encarar uma prova de redação em concurso.
Além dos diversos problemas de base que envolve o péssimo ensino de nossas escolas; o fraco incentivo à leitura, além do uso inadequado da tecnologia reinante, caso da internet, o estudante tem que mostrar muita versatilidade ao abordar coerentemente o tema solicitado pela banca. E diante de tanta coisa em desfavor, o fato é que a maioria dos jovens de idade de ingresso nas universidades lê pouco, muito pouco.
É claro que só a leitura não resolve o problema, mas também uma análise crítica da realidade, combinada com muita escrita, isto é, leitura, reflexão e prática de escrita.
Nos três anos de trabalho pude perceber que muitos alunos se preocupavam mais com a gramática do que com a feitura de um texto coerente e coesivo. Aliás, uma preocupação bem natural, pois aqui no Brasil estampou-se a idéia de que saber a língua materna é saber bem a gramática, o resto fica de lado. Mas não é bem assim.
Compartilho a idéia de que antes de saber as enfadonhas regras gramaticais, os alunos tenham que saber redigir um texto coerentemente e com um mínimo de coesão. E isso só se aprende lendo os melhores escritores e praticando a expressão escrita. Com o tempo, muita coisa que parece difícil na gramatiquice passa despercebido e para o aluno resta apenas saber a sua definição, o seu conceito.
Além de tudo isso, muita gente é induzida a acreditar, sem um mínimo de reação, que a leitura rica em conhecimento é chata, é enfadonha.
Às vezes é um pensamento deturpado que vem desde a péssima base de ensino, movido por professores frustrados, diretores corruptos e por alunos acomodados.
Mas o fato é que esse pensamento é muito comum, principalmente no povão. Mas como tudo na vida tem as suas exceções, às vezes o sabor da leitura útil é distorcido para a busca de conhecimento inútil. São as leituras que dão prazer fácil, sem um mínimo de reflexão, e geralmente são leituras rápidas que envolvem notícias de futebol, novela, assassinatos e fofocas.
De uma forma geral o brasileiro lê pouco e lê mal, mas voltando ao ENEM, a prova de redação será o diferenciador, ou melhor, o divisor de águas, que separará os preocupados apenas com a gramática daqueles que levam a sério e que estão preparados para o uso e o domínio do poder da palavra escrita.

(Por Franco Aldo, Rio – 07/11/2010 – às 11:46Hs)

sábado, 6 de novembro de 2010

Espaço Ponto de Vista: A Prova do ENEM e a Universidade

Candidatos chegam ansiosos aos locais de provas do Enem
Portões fecharam pouco depois das 13h. 4,6 milhões de inscritos têm até as 17h para as questões de ciências humanas e naturais

A organização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) abriu os locais das provas ao meio-dia de hoje. Um pouco depois das 13h, os portões foram fechados, e a prova de ciências humanas e ciências da natureza começou. A movimentação em várias escolas e universidades já era intensa desde o começo da manhã. Cerca de 4,6 milhões de pessoas estão inscritas para as provas que ocorrem neste fim de semana.
Em São Paulo, no Campus Morial da Universidade Nove de Julho (Uninove), na Barra Funda, zona oeste da cidade, os candidatos começaram a chegar a partir das 10h. Assim que os portões foram abertos, mais de mil pessoas já formavam a fila. Ansiosos, os candidatos não quiseram dar sopa para o azar. As irmãs Ana Carolina e Ana Cláudia Gonçalves Pessoa, de 17 e 18 anos, respectivamente, saíram do bairro Santo Amaro, na zona sul, às 9h, e chegaram à Uninove uma hora e meia depois. “Não conhecíamos direito o local do exame e, com a chuva e a ansiedade, achamos melhor vir bem cedo”, contam as estudantes.
Bianca Roberta Pinheiro de Araújo, de 17 anos, também saiu de casa às 9h. Ela, que mora em Perus, na zona norte da cidade, só chegou à Uninove às 10h30. Optou por não almoçar para aguardar em frente ao portão. A garota deseja cursar enfermagem ou medicina em uma instituição pública, mas, apesar de toda a ansiedade, diz que não pretende usar o resultado do Enem para entrar na faculdade no próximo semestre. Acha que tem que estudar um pouco mais. “Eu estudei na minha escola, a E.E. Zuleica de Barros, e em casa o quanto pude, mas sei que a minha meta é muito difícil. Vou ver como é a prova e tentar passar depois do meio do ano”.

O nervosismo não é privilégio somente dos estudantes. Cláudia Godoy, 36, levantou às 6h para acordar a filha Bruna, 17. “Nem precisei do despertador, acho que estou mais ansiosa do que ela”, diz a mãe, que veio de Itaquera até a Barra Funda e vai aguardar a filha até as 17h, horário do término da prova.
Ainda que a maioria dos candidatos do Enem seja formada por jovens estudantes, a prova também desperta o interesse daqueles que já concluíram o Ensino Médio há tempos. É o caso de Eliz Ângela Félix Cordeiro, 36, que saiu de sua casa, em Parada de Taipas, na zona leste, emocionada com o apoio de seus dois filhos pequenos.
“Mãe, estou rezando por você", disse o caçula, de seis anos, enquanto o mais velho, que tem nove, incentivou: “você vai conseguir”. “Já saí de casa com os olhos cheios d’água por causa deles. Sou segurança e já perdi várias oportunidades de emprego por não possuir um curso superior. Por isso resolvi tentar o Enem, 15 anos após ter saído da escola”, explica Eliz Ângela.

Neste sábado, os candidatos prestam provas de ciências humanas e ciências da natureza. O tempo mínimo para ficar na sala é de duas horas e o máximo, quatro, até as 17h. Minutos depois, o iG e os professores do Cursinho da Poli publicarão, uma a uma, as respostas corretas comentadas. O gabarito oficial será divulgado apenas na terça-feira, dia 9.

(Por Cinthia Rodrigues, iG São Paulo | 06/11/2010 12:38 )

A prova do ENEM, sem dúvida, pode ser um ótimo instrumento de viabilização rumo às universidades públicas, mas contextualizando com a realidade do ensino público nacional, o uso de tal ferramenta pode mascarar a triste realidade para que se destina.
Desde já não quero afirmar que o ENEM, na verdade, privilegia o aluno de escola particular. Não é isso. Até porque acho que existem muitos alunos, tanto da escola pública, quanto da particular, que independem do nível da educação que estão recebendo. São alunos dedicados que suprem suas deficiências, devido a má qualidade do ensino de suas escolas com muitas horas de estudos a parte. Esses são os vencedores. São os que brigarão pelas melhores posições no concurso. Portanto escola ruim tem em todo lugar, tanto pública como particular. Mas, comparado com a grande massa de alunos que necessitam, e querem, ingressar na universidade, são de um grupo estritamente seleto, para não dizer diminuto.
Mas o fato é que existem, também, aqueles alunos que precisam de ajuda, mesmo não tendo o brilhantismo dos poucos que se destacam. E aí que a ferramenta do ENEM perde seu objetivo.
O pensamento que eu quero chegar é que o governo disponibiliza duas frentes. Uma de péssimo nível educacional, menoscabado em toda sua plenitude; seja por motivos de corrupção em sua administração, seja pelos baixos salários dos professores e, porque não, seja pela lamentável idéia do que é público não presta.
A outra frente são os instrumentos que visam selecionar os alunos, ou mesmo, facilitar o seu ingresso na universidade pública, como a prova do ENEM e os exames vestibulares. E é comprovado que o nível de exigência da prova do ENEM, por exemplo, está bem acima dos padrões exigidos nas escolas públicas. E isso sempre foi assim. Mas o que fica claro é que não há uma harmonia, uma padronização no grau de eficiência e qualidade do ensino público, seja no ensino fundamental, seja no ensino médio.
O governo então usa um dispositivo que tenha um grau aceitável de conhecimento para que possa selecionar aqueles alunos que tiveram uma dedicação à parte, resguardando também o nível de suas instituições de ensino superior.
Portanto, se não for dessa forma – exigir severamente aquilo que precariamente é visto nas escolas –, não vejo outra solução. Aliás, a solução é óbvia, melhorar a qualidade do ensino público e fortalecer a instituição ensino como um todo, para que exames como o ENEM não se tornem apenas instrumentos que facilitem o ingresso de poucos.

(Por Franco Aldo – 06/11/2010 – às 15:07Hs)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Espaço Esporte: Fogão entra na Briga

Hoje eu não poderia deixar de comentar a 33ª rodada do campeonato brasileiro, até porque, meu botafogo confirmou a sua briga por uma vaga na Libertadores 2011, e, quem sabe, o 2º título brasileiro, ao vencer o Atlético Goianiense por 3x2.
O Fluminense empatou com o Inter em 0x0, no Beira Rio. O Corinthians massacrou o Avaí por 4x0 e o Cruzeiro perdeu por 2x0 para o São Paulo. O Flu permanece na frente com 58 pontos, seguido do Corinthians e Cruzeiro com 57. O Botafogo está logo atrás com 54, bem distante de Santos, São Paulo e Grêmio, com 50 pontos.
O que me anima em tudo isso é que os três da frente, Fluminense, Corinthians e Cruzeiro vêm perdendo pontos e titubeando, quando deveriam abrir vantagem dos demais. Além do mais, o Botafogo tem chances plausíveis de ser campeão, apesar de não jogar mais com os três da frente no confronto direto.
Vale ainda lembrar que a posição do Botafogo é bem parecida com a do Flamengo, no ano passado, que acabou campeão. Não que isso seja motivo para se acreditar no título, mas pelo menos para acreditar que é possível.
Ano passado o Flamengo só foi campeão porque, além de fazer seu dever de casa, isto é, vencer todos os seis jogos que faltavam, contou com a ajuda do Palmeiras que entregou a rapadura. Portanto, o Botafogo tem que fazer a sua parte para poder ficar na cola dos líderes, isto é, tem que mostrar que é time de chegada. Se algum derrapar, estaremos bem perto para levar o caneco.
Vale lembrar que o Botafogo terá na seqüência os seguintes jogos: Avaí, fora; Ceará, fora; Inter, no Rio; Prudente, no Rio e Grêmio no Olímpico. Dá pra se ver que será tarefa dura, principalmente contra Inter e Grêmio, mas comparando com os três da frente, o Botafogo leva uma grande vantagem, se não, vejamos:
O Flu pega o Vasco; Goiás, em casa; São Paulo, no Morumbi; Palmeiras, fora e Guarani, em casa. Portanto tarefa muito mais difícil que a do Botafogo.
O Corinthians pega o São Paulo; Cruzeiro, em casa; Vitória, fora; Vasco, em casa e Goiás, fora. Também terá pedreira até o fim do campeonato.
A situação é ainda pior no lado do Cruzeiro que jogará com o Vitória, fora; Corinthians, fora; Vasco, em casa; Flamengo, fora e Palmeiras, em casa.
Faltando cinco jogos para terminar o campeonato, nada está definido, até os que vêm de trás, como Santos, São Paulo, Grêmio, Palmeiras e Atlético Paranaense têm chances matemáticas.
No caso em particular do Botafogo, acho que está no caminho certo, pois o clube, como no carioca, é o patinho feio da competição; formado por jogadores considerados refugos de outros times, e é pouco cotado pela crítica para ganhar o título, mas, o fato é que, cada vez mais, o Botafogo vai comendo pelas beiradas, embalado com seus ídolos; Jeferson, Edino e, principalmente, pelo uruguaio, Loco Abreu, e pelo seu folclórico técnico, Joel Santana. Portanto a sua torcida tem muitos motivos, desde já, para comemorar, pois faz muito tempo que o Botafogo não faz uma bela campanha no brasileirão e tem possibilidades reais de participar da libertadores e de ser campeão.
Vamos aguardar as próximas rodadas para confirmar esse fim de campeonato que será um dos melhores da década.

(Por Franco Aldo – 04/11/2010 – às 14:48Hs)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Espaço Conto: Ponte de Safena

Quem disse que pobre não tem problema de rico? – Intrometeu-se Cabelo-Frito na conversa de dois contínuos, ao mesmo tempo abrindo o enorme guarda-chuva preto em um ponto de ônibus em Campo Grande. O Mulato, já de muita idade, viajava no 368 fazia anos. Cabelo-Frito ostentava uma larga experiência em histórias folclóricas de passageiros descontentes com a vida.
No Rio de Janeiro, quando se mora pelas bandas da Baixada ou da Zona Oeste, significa dor de cabeça diária na ida pro trabalho. Para o pobre – dizia Cabelo-Frito já dono da verdade – sofrer é coisa natural. Vejam esse ponto de ônibus como está cheio. Quando o lotação chegar, já virá transbordando. A vida é assim mesmo. Nós temos pouquíssimas opções legais de transporte, e além do mais, são velhas carroças a preços exorbitantes, mas para aqueles sem frescura, que se contentam com quebra-galho, temos o socorro do ônibus marinete do seu Valdemar, a vã apertadinha do Marcão do Cezarão, sem mencionar a Kombi galinheiro do Klinger de Cosmos. Isso são problemas comuns a todo pobre, sem falar nos engarrafamentos da Brasil! Fenômeno que provoca a demissão de muito trabalhador honesto. Tem a hora de chegar, o cartão, a cara do chefe, o desconto no final do mês. Isso se der sorte, se convencer a desconfiança do chefe.
E os ricos? – continuou o mulato, sob os olhares silenciosos dos dois contínuos – Esses que gostam de aspirar o ar campestre do subúrbio, de sentir o cheiro de bosta de boi ao passar da boiada, de passear de charrete pelas ruas do bairro, o problema já é mais sério. Não é pela condução não, o rico suburbano tem carro do ano como rico da Zona Sul. Nem tão pouco pela distância que requer reserva de horário. O rico do interior não tem hora de chegar à sua empresa; não tem cartão pra bater, nem tão pouco chefe pra dar explicação. Se funcionário público de alto cargo, aí que o negócio fica verde-amarelo mesmo. E quando chega à repartição, só aparece pra tomar cafezinho pelos corredores. Mas o que aborrece os dias de árduo trabalho do rico suburbano são os buracos das avenidas esquecidas e os famigerados engarrafamentos. Era aí que eu queria chegar, os engarrafamentos... Os mesmos problemas dos pobres suburbanos – alertou Cabelo Frito.
Posso afirmar de pé junto que num engarrafamento em Parada de Lucas, qualquer bem-de-vida pagaria boa soma para se ver livre. As horas e horas de dinheiro perdido, preso em algum ponto da Avenida Brasil deixaria qualquer empresário em desespero... Pobres burgueses! Mas qual?! – respondeu indignado o próprio mulato – Estando ou não estando no trabalho, para esses ricos suburbanos, sempre existirá alguém pra tocar seus negócios; o sócio menor dono, a secretária boa de olho no futuro ou então um funcionário bajulador qualquer. Estereótipos que resguardam o atraso e ausência do tão angustiado chefe.
Mas a verdade seja dita. O medo do rico suburbano não é com seus negócios. São com os moleques de pistolas na cintura que estão lá do outro lado do vidro, prontos pra assaltá-lo no primeiro vacilo. Os engarrafamentos são assim mesmo. Só acontecem em regiões de risco. Áreas cercadas por favelas: Guadalupe, Parada de Lucas, Bonsucesso, Parque União. Lugares que antes foram bairros de maior respeito... Hoje, conhece-se outro respeito, a bala. É por isso que o rico fica em desespero dentro do carro.
Engarrafamento, congestionamento, entupimento, seja lá a denominação. O trânsito parado lembra uma artéria ou veia precisando ser desobstruída para dar passagem ao sangue. É o Ponto em comum das dores de cabeça do pobre e do rico, ambos unidos pelo mesmo problema, com conseqüências bem diferentes – Continuou Cabelo-Frito já reclamando do atraso do ônibus.
Ah sim! E os dias de chuva como o de hoje? Para ambos o problema duplica. Para o pobre é pior! Duplicam-se as horas de atraso ao trabalho, duplicam-se as broncas do chefe, os descontos em folha, o trabalho, duplica-se tudo. A saída pra casa não é diferente. Duplica-se o tempo de chegar ao lar, pra menos o tempo do sono, o cansaço, sem falar o mau-humor, e duplicam-se também as broncas na dona Maria que em casa espera sem saber de nada. Maldita imagem da Presidente Vargas, da Francisco Bicalho, da Brasil..., e novamente repete-se a cena, mais e mais engarrafamentos. Quando está tudo bem, o pobre diz que foi coisa do santo querido, e lá vai reza... Quando sobra algum... Uma vela.
Antes mesmo que Cabelo-Frito pudesse continuar sua tese do dia-a-dia, conhecimento de mais de vinte anos de passagem, surgia o 368 lotado a sua frente.
Os contínuos que antes escutavam com respeito as lições do velho mestre, agora já se preparavam para empurrá-lo na primeira oportunidade em busca de um lugar dentro do veículo. O mulato fechou seu enorme guarda-chuva preto e, embarcando por último no ônibus, rumou direto para a Praça Tiradentes.

(Silfra Doval, Taubaté, 14 de julho de 2005).