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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O BRASIL DO LATERAL CORTÊS LEVA A MELHOR CONTRA A ARGENTINA

Ovacionado, Cortês brilha em primeiro jogo como titular e diz: 'Me senti à vontade'

O lateral-esquerdo Cortês foi um dos grandes destaques da vitória do Brasil por 2 a 0 sobre a Argentina, nesta quarta-feira, pela decisão do Superclássico das Américas. O jogador do Botafogo teve participação decisiva nos gols de Lucas e Neymar. Quando foi substituído no fim do jogo, Cortês saiu ovacionado pela torcida presente no Mangueirão.

“Felicidade imensa de estar representando a seleção. Me senti bem à vontade e todo mundo me deu apoio, o Mano também, e eu pude ser feliz e ajudar a equipe”, celebrou o lateral.

“Estou bem solto. Estou super feliz. No começo, estava segurando um pouco para sentir, mas fui me soltando e pude ajudar a equipe”, completou o atleta do Botafogo.

No Twitter, o lateral também fez sucesso nesta noite de quarta-feira. As comparações dele com o personagem Sideshow Bob, da série Os Simpsons, entraram nos tópicos mais comentados do microblog.

(Por ESPN)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O FRACASSO DAS BANDAS 'EMO' NO ROCK IN RIO

No meu artigo sobre o Rock in Rio, fiz crítica a respeito da qualidade das atrações do festival, mas é claro com uma ponta de inveja, pois fiquei impedido, mais uma vez, de participar.
Com muita certeza, o melhor dia da festa foi ontem com as participações do GLÓRIA, COHEED AND CAMBRIA, MOTÖRHEAD, SLIPKNOT e METALLICA; a verdadeira noite do metal.
No dia anterior, NX ZERO, STONE SOUR, CAPITAL INICIAL, SNOW PATROL e RED HOT CHILI PEPPERS fizeram a galera vibrar no palco mundo, com exceção do NX ZERO que segundo a crítica e o público foi um fracasso. O NX ZERO é uma espécie de banda com característica ‘emo’, um termo que, sinceramente, até ontem era desconhecido pra mim.
Assim como o NX ZERO, o GLÓRIA, que tocou inexplicavelmente no palco mundo, foi um dos que não conseguiu ter o sucesso esperado. O show do grupo paulista, que para a crítica também é uma banda ‘emo’, foi quase no mesmo horário do SEPULTURA que tocou num palco alternativo. Talvez seja por isso que o GLÓRIA quase teve seu show arruinado..., ou salvo? Sim, devido à simultaneidade dos dois shows, talvez, o GLÓRIA tenha escapado de uma vaia geral da galera sedenta pelo heavy-metal.
De qualquer maneira, o objetivo deste artigo não é exaltar aqueles que fizeram sucesso, até agora, com suas poderosas guitarras, mas sim esclarecer tendências que se para muita gente não é novidade alguma, para mim, pelo menos, é novo. Por isso fiquei com a pulga atrás da orelha para saber o significado da expressão ‘EMO’.
Procurei no Wikipédia o significado e origem da expressão. Na verdade ‘emo’ é uma denominação para algumas de bandas rock que possuem um “gênero musical tipicamente caracterizado pela musicalidade melódica e expressiva, e por vezes letras confessionais”. O estereótipo ‘emo’ é caracterizado por um comportamento geralmente emotivo e tolerante, e pelo visual, que consiste em geral em trajes pretos, listrados, Mad Rats (sapatos parecidos com All-Stars), cabelos coloridos e franjas caídas sobre os olhos.
Enfim, ser ‘emo’ é curtir uma espécie de rock com tendências mais brandas, emotivas, longe da agressividade e da loucura do puro heavy-metal. Talvez seja por isso que o público do Rock in Rio, ontem, tenha preferido o SEPULTURA ao GLÓRIA.

DEFINIÇÃO

Emo (pronuncia-se AFI: [ˈiːmoʊ] como originalmente em inglês, embora adaptações do termo em diferentes línguas ao redor do mundo sejam comuns) ou Emocore (padrão AFI: [iːmoʊˈkɔr] para a língua inglesa, com a variedade iːmoʊˈkɔɹ, pronunciando-se como o -r(consoante) dos dialetos caipira e paulista do Centro-Sul do Brasil, sendo dominante nos Estados Unidos) é um gênero musical pertencente ao Rock tipicamente caracterizado pela musicalidade melódica e expressiva, e por vezes vezes letras confessionais. Originou-se entre o Hardcore punk em meados de 1980, Washington DC, onde era conhecido como "emotional hardcore" ou "emocore" e cujas bandas pioneiras foram Rites of Spring e Embrace, parte da primeira cena do Post-hardcore conhecida como Revolution Summer. Como o estilo contemporâneo foi ecoado por bandas de Punk rock estadunidense, seus som e significado mudaram e se transformaram com a mistura ao Indie rock e sua entrada como um subgênero do mesmo, no início de 1990, por grupos como Cap'n Jazz, Jawbreaker, Braid, Mineral e Sunny Day Real Estate. Até meados dos anos 1990 numerosos actos emo surgiram a partir do meio-oeste e da região central dos Estados Unidos, e várias gravadoras independentes começaram a se especializar no gênero.
O Emo entrou na cultura popular no início da década de 2000 com o sucesso de Jimmy Eat World e Dashboard Confessional e da emergência do subgênero "Screamo". Nos últimos anos, o "emo" tem sido aplicado por críticos e jornalistas para uma variedade de artistas, incluindo as bandas com grande popularidade e actos premiados, e grupos com diferentes estilos e sons, especialmente o Pop punk de Simple Plan, Good Charlotte, Fall Out Boy, Panic! at the Disco e vários outros, fugindo à tradicional definição de 'Hardcore punk não-ideológico' e seus derivados diretos (como fora o caso da maioria dos grupos rotulados de Emo antes do Século XXI).
My Chemical Romance, Coheed and Cambria, Thursday, Matchbook Romance e Saosin são exemplos de bandas relativamente modernas com influências – desconsideráveis a parcas, moderadas dependendo do álbum – do que era Emo nos anos 90 e do que era Post-hardcore nos anos 80, e que atingiram considerável popularidade. Ao contrário do que se pensa no senso-comum brasileiro, o gênero Emo não está "morto", ao menos nos Estados Unidos. Isso sem falar nas bandas Indie Emo – ou seja, a forma purista, tradicional, do gênero – de pequena popularidade que continuam a surgir até hoje, na década de 2010.
Atualmente, os termos "emo" e "emocore" não mais definem um gênero com as mesmas origens e características, mas sim encarados como um termo 'guarda-chuva' para tudo o que seja melódico e expressivo, o que gera muita confusão e polêmica sobre os rótulos de bandas dos mais variados gêneros, desde o Teen Pop até o Heavy Metal. Muitos críticos consideram o próprio termo "emo" como uma forma de ofensa.
Além da música, o termo "emo" é frequentemente usado mais genericamente para significar uma relação particular entre fãs e artistas, além de descrever aspectos relacionados com a moda, cultura e comportamento, embora não se trate de uma subcultura verdadeira pois o Emo, desde a sua origem, foi um gênero nascido para não ter ideologia em comum. Apesar disso, nos últimos 7 anos muitas pessoas adotaram esses aspectos como uma tribo urbana, e mais, um estilo de vida.

ORIGEM

Existem várias versões que tentam explicar a origem do termo "emo", como a que um fã teria gritado "You´re emo!" (Você é emo!) para uma banda (os mitos variam bastante quanto a banda em questão, sendo provavelmente o Embrace ou o Rites of Spring).
No entanto, a versão mais aceita como real é a de que o nome foi criado por publicações alternativas como o fanzine Maximum RocknRoll e a revista de Skate Thrasher para descrever a nova geração de bandas de "hardcore emocional" que aparecia no meio dos anos 80, encabeçada por bandas da gravadora Dischord de Washington DC, como as já citadas Embrace e Rites of Spring, além de Gray Matter, Dag Nasty e Fire Party. Aparentemente, o termo "emocore" é uma abreviação de emotional hardcore, e o termo "emo" surgiu para dar espaço aos subgêneros como Screamo e 90's Emo, que não eram -core por não serem derivados diretos e puristas do Hardcore punk.
É importante lembrar que nenhuma destas bandas jamais aceitou ou se auto-definiu através deste rótulo. A palavra "Emo" foi vista como uma piada, ou algo pejorativo e artificial, seja uma forma de tentar excluir do Hardcore punk tudo o que não tivesse temas estritamente ideológicos (o que seria limitante e conservador demais), seja uma forma de criar uma jogada de marketing sobre algo que, segundo eles, seria perfeitamente parte do já citado gênero musical Hardcore punk, respectivamente.
Nesta época, outras bandas já estabelecidas de Hardcore punk, como Nation of Ulysses e Shudder to Think, também aderiram a esta onda inicial do chamado "emocore", diminuindo o andamento, escrevendo letras mais introspectivas e acrescentando influências do Pop punk de então, que era radicalmente diferente do que seria chamado de Pop punk nos anos 2000. Hüsker Dü (banda de formação anterior a Rites of Spring), Policy of 3, One Last Wish, Fuel, Still Life, Moss Icon, Lifetime, Hot Water Music, Small Brown Bike e Fugazi também foram importantes bandas desse cenário onde as primeiras diferenças do Hardcore punk com o Post-hardcore e o Emo começavam a serem notadas.
Após a supervalorização inicial da intensidade e da sonoridade caótica, o emotional hardcore sofreu um processo de "desacelaração". Já estabelecida essa primeira cena melódica, expressiva e confessional de Hardcore punk, as bandas que começaram a surgir no interior estadunidense absorveram características do então ascendente e crescente Indie rock durante os anos 90, como já foi dito. A partir daí, houve uma explosão na quantidade de bandas que seriam possíveis de serem rotuladas como Emo, e o tabu que cercava o rótulo se desfez até a explosação mainstream do tão polêmico subgênero Emo-pop (embora a maioria dos fãs de 90's Emo, da primeira geração do Screamo e das bandas pioneiras citadas desacreditem que o mesmo faça parte da cena), que possui, se muito, alguns traços de Hardcore punk e Indie rock em meio ao Pop punk.

(Fonte: Wikipédia)

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Fogão Vence Grêmio no Olímpico e está na Briga pelo Título

Grêmio 0 x 1 Botafogo

Com gol de Loco Abreu, Fogão vence fora de casa e chega a 44 pontos!


Uma bela e importante vitória fora de casa! O Botafogo foi seguro na defesa e mostrou eficiência no ataque com o gol de Loco Abreu, para vencer o Grêmio por 1 a 0, nesta quinta-feira, no Olímpico. O Glorioso chegou aos 44 pontos no Campeonato Brasileiro, na terceira posição. O próximo adversário é o São Paulo, domingo, no Stadium Rio. Jefferson, suspenso, não poderá atuar.
A primeira impressão do Botafogo foi boa. Logo aos 2 minutos, após troca de passes, Cortês cruzou da esquerda, Herrera e Loco Abreu quase chegaram para concluir. Porém, em casa, foi o Grêmio que tentou impor seu futebol.

Na realidade, o adversário teve mais posse de bola, mas pouco levou perigo. A maior arma eram os chutes de fora da área. Fábio Rochemback, Escudero e André Lima tentaram e erraram o alvo. No mais perigo, Rochemback bateu de primeira e mandou na rede pelo lado de fora, aos 23.

Com os times não conseguindo penetrar na defesa adversária, outra opção era o jogo aéreo. De um lado, Antônio Carlos não teve como concluir. Do outro, aos 34, André Lima cabeceou para fora.

A melhor chance do Botafogo veio aos 43. Elkeson recebeu pela esquerda, limpou o lance e chutou cruzado, para fora. Já o Grêmio assustou em cobrança de falta de Douglas, que bateu na barreira e passou perto.

No segundo tempo, Caio Júnior sacou Lucas e Herrera (ambos com cartão amarelo) e colocou Alessandro e Felipe Menezes. O jogo ganhou um pouco em movimentação. O Grêmio seguiu apostando nos chutes de longe, como os de Rochemback e Fernando defendidos por Jefferson, aos 5. O Botafogo tinha Elkeson aberto pela direita e Felipe Menezes, chegando para concluir, como aos 10, para fora.

Mais solto, o Botafogo conseguia trocar passes e avançar bem com a bola. faltava a jogada mais incisiva. Quando ela aconteceu, em grande lance de Maicosuel pelo meio, Loco Abreu dominou e bateu sem chances para Victor, aos 20, para abrir o placar.

O Grêmio tinha que sair para a pressão e o fez, mas de forma desordenada. E deixava espaço para os contra-ataques. Aos 24, Elkeson recebeu na entrada da área, cortou para a esquerda e finalizou para fora.

O Botafogo tentava, mas não encaixava um ataque para matar o jgoo. E o Grêmio buscava o gol de todas as formas. Gilberto Silva arriscou de longe e bola passou perto. Douglas tentou escanteio direto, Jefferson afastou. Brandão teve chance e bateu por cima.

Na vez em que o Grêmio esteve mais perto da igualdade, aos 41, Douglas ficou livre e tocou no canto direito. Jefferson voou para espalmar, provando por que é goleiro de Seleção Brasileira e garantindo mais uma vitória do Fogão! E que vitória!

BOTAFOGO: Jefferson, Lucas (Alessandro), Antônio Carlos, Fábio Ferreira e Cortês; Lucas Zen, Renato, Maicosuel (Everton) e Elkeson; Herrera (Felipe Menezes) e Loco Abreu. Técnico: Caio Júnior.

Danilo Santos

terça-feira, 20 de setembro de 2011

A CARÊNCIA DO ROCK NO QUARTO ROCK IN RIO

Dia 23 de setembro começa a quarta edição da maior festa de rock da América, o Rock in Rio. Longe da sua proposta original de congregar as maiores feras do rock da atualidade e do passado, o Rock in Rio agora é espaço tanto para o pop, quanto para o irritante e corporal, axé. O rock é apenas um detalhe, ou melhor, um slogan.
A primeira edição do Rock in Rio foi sensacional. Artistas de peso da época sacudiram o enlamaçado terreno da Barra da Tijuca nos idos de 1985, consagrando o sucesso do festival e agendando uma nova e futura edição.
No primeiro, o rock foi o prato principal, degustado pelos fãs do AC/DC, IRON MAIDEN, OZZY OSBOURNE, QUEEN, YES, WHITESNAKE, SCORPIONS, PARALAMAS DO SUCESSO, BARÃO VERMELHO e PEPEU GOMES. É claro que esse belo prato foi condimentado por um JAMES TAYLOR, ROD STEWART e IVAN LINS. Por isso foi um sucesso.
Já o segundo, em 1991, talvez, tenha sofrido o desgaste da boa safra dos anos 80, no bom e velho português: “a fonte tá secando”, também, é claro, fruto da rejeição de algumas bandas que exigiam demais, ou a proposta era de menos? Tanto faz. O certo é que a segunda edição do Rock in Rio já começou longe de suas raízes. O palco agora era o Maracanã que abrigou as apresentações de GUNS N’ ROSES, FAITH NO MORE, SEPULTURA, JUDAS PRIEST, MEGADETH, BILLY IDOL, QUEENSRYCHE, BIQUINI CAVADÃO, ENGENHEIROS DO HAWAII, LOBÃO, TITÃS, além dos pops DEBBIE GIBSON, A-HA, NEW KIDS ON THE BLOCK, LISA STANFIEL, GEORGE MICHAEL, INFORMATION SOCIATY, sem falar num tal de HAPPY MONDAYS.
Mesmo com uma programação um pouco inferior ao primeiro, o segundo Rock in Rio conseguiu respirar e alcançou relativo sucesso. A espera de uma nova edição talvez não fosse certa, entrávamos na década de 90 e o mundo cada vez mais se transformava, numa velocidade surpreendente. O rock já não fazia parte da moda do presente. As bandas que brilharam nos anos 80 envelheceram e poucas novidades surgiram no cenário mundial. O mercado fonográfico entrou em crise, a pirataria e a idolatria de pseudo-artistas contribuíram para empobrecer, ainda mais, as músicas que soavam pelos ventos. O verdadeiro talento ficava a segundo plano, o que interessava eram os ritmos fáceis, de músicas melosas e sem nenhuma novidade. Foi assim o segundo Rock in Rio.
Em 2001, foi perceptível a preocupação dos organizadores do terceiro Rock in Rio de trazer de volta a essência original do evento, mas se por um lado acertaram na essência, como as múltiplas tendas que tocavam de tudo, por outro, escorregaram na programação. Mas, pelo menos o festival voltou ao seu lugar original, o terreno baldio do Riocentro.
Se o segundo foi marcado com os sons pesadíssimos de Judas Priest, Sepultura e Megadeth, o terceiro não ficou de fora, trouxe novamente o IRON MAIDEN, SEPULTURA, além de novidades da época como PAPA ROACH, OASIS, REM, PATO FU, FOO FIGHTERS, SILVERCHAIR, RED HOT CHILLI PEPPERS e CÁSSIA ELLER, além do CAPITAL INICIAL, IRA e ULTRAJE A RIGOR. O mico ficou por conta das participações de SANDY & JÚNIOR e BRITNEY SPEARS.
Achei o terceiro melhor que o segundo, apesar de achar as bandas do segundo mais pesadas. Mesmo com as participações de artistas para o público infantil, Sandy & Júnior e Britney Spears, que quase destruíram o sucesso do evento; Iron Maiden, Sepultura, Red Hot Chili Peppers, Oasis e Silverchair salvaram o festival.
O quarto começará no próximo dia 23 e o que mais chama a atenção é quantidade de atrações que estão sendo canceladas, sem falar na fúria do público na aquisição dos ingressos. Esgotaram-se num piscar de olhos, talvez seja isso que explique a participação de CLÁUDIA LEITE, ou o contrário?
Das quatro edições, essa, com certeza, é a mais fraca. Poderíamos apropriadamente mudar o nome de Rock in Rio para, vejamos, Pop in Rio, ou qualquer coisa parecida.
Os únicos dias que lembram a essência do rock são os dias 24 de setembro (NX ZERO, STONE SOUR, CAPITAL INICIAL, SNOW PATROL e RED HOT CHILI PEPPERS), 25 de setembro (GLÓRIA, COHEED AND CAMBRIA, MOTÖRHEAD, SLIPKNOT e METALLICA) e 2 de outubro (DETONAUTAS, PITTY, EVANESCENCE, SYSTEM OF A DOWN e GUNS N’ ROSES), nos demais dias é só para se estressar, como nos dias 23, 30 e 1º de outubro. Talvez o melhor nesses dias esteja nas múltiplas tendas e nada mais.
O que me parece é mais uma festazinha burguesa, com gente sem nenhum pingo de exigência musical, importando somente a chapação e as drogas.
Para aqueles que amam o rock verdadeiro, talvez, a nostalgia de um GUNS N’ ROSES, RED HOT CHILI PEPPERS, METALLICA, MOTÖRHEAD e os shows das tendas alternativas paguem a fortuna despendida.

(Por Franco Aldo – 20/09/2011 – 10:20hs)

sábado, 17 de setembro de 2011

Mais uma Vitória do Poderio dos Sarneys

STJ anula investigação da PF contra a família Sarney.

O STJ (Superior Tribunal de Justiça) anulou todas as provas obtidas pela operação da Polícia Federal que investigou os negócios do empresário Fernando Sarney e outros familiares do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), informa reportagem de Andreza Matais e Felipe Coutinho, publicada na Folha deste sábado (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Em decisão unânime, os ministros do tribunal entenderam que os grampos que originaram as quebras de sigilo foram ilegais. A decisão devolve as investigações à estaca zero.
No ano passado, a Justiça já havia invalidado parte das provas obtidas por interceptação de e-mails na operação da Polícia Federal, chamada de Boi Barrica e mais tarde rebatizada de Faktor.
Em decisões semelhantes, o STJ também anulou provas obtidas pela PF ao investigar os negócios da construtora Camargo Corrêa e do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity.
A investigação da Operação Faktor começou em fevereiro de 2007, devido à movimentação atípica de R$ 2 milhões na conta de Fernando Sarney e de sua mulher, Teresa Murad Sarney.
A apuração se estendeu até agosto de 2008 e apontou crimes de tráfico de influência em órgãos do governo federal, formação de quadrilha, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro. Fernando nega as acusações.

(Por Folha.com – 17/09/2011 – às 07:02hs)

Família Sarney dando de goleada. É o poderio de gente que manda e desmanda no país, afrontando a moralidade, a ética e as leis.
Concordo que uma prova ilegítima também é uma afronta ao Direito e a legalidade, mas isso não significa que as ações da família Sarney estejam dentro da legalidade. Assim, como o trabalho de investigação não foi bem feito, arquiva-se o crime.
O problema maior em tudo isso é que muita gente sabe dos crimes de Sarney e sua corja, mas não tem peito, ou melhor, moral para impedir e punir novas ações contra o dinheiro público.
Os Sarneys têm proteção de muita gente importante desse país, seja porque são coniventes com suas armações, seja porque esperam a vez de desfrutar alguma benesse do livre arbítrio consagrado pela corrupção e desmandos.

(Por Franco Aldo – 17/09/2011 – às 12:46hs)

Botafogo X Flamengo

Flamengo e Botafogo jogam amanhã, às 16:00hs, no Engenhão. O jogo, como sempre, será decisivo para as duas equipes.
O Botafogo vem de uma derrota humilhante para o Coxa, por 5 x 0, no último domingo, e precisa vencer para espantar a crise e se consolidar na disputa pelo título. Já o Flamengo que não vencer há muito tempo, uma derrota pode decretar de vez uma crise sem precedentes e o pescoço de Luxemburgo pode ser guilhotinado.
Ao contrário do último jogo do Botafogo no Engenhão, no 7 de setembro, contra o Ceará, a expectativa de público para o clássico não é das mais animadoras. Até ontem, haviam sido vendidos apenas seis mil ingressos, bem diferente do jogo contra o Ceará, pois a torcida do Botafogo sozinha colocou mais de 42.000 torcedores presentes.
O fracasso de público pode ser explicado pelo confronto de duas torcidas inimigas que acaba espantando o torcedor família, além disso, a fase do Flamengo não é boa e sem contar os altos preços dos ingressos.
Mesmo assim, o clássico entre Flamengo e Botafogo é um dos mais disputados nos últimos cinco anos.
O favoritismo é do Flamengo que não perde em campeonatos brasileiros para o Botafogo há 11 anos, sem falar do recente trauma do tri-vice carioca.

(Por Franco Aldo – 17/09/2011 – 11:56hs)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sarney e o Seis por Meia Dúzia

Sarney dá uma “lambreta” para emplacar Gastão.

A presidenta Dilma Rousseff ensaiou um ato de resistência ao presidente do PMDB, José Sarney. Mas durou pouco.

Na reunião dos vice-líderes no fim da tarde de ontem, o deputado Henrique Eduardo Alves (RN) comunicou – com todas as letras – que um nome do Maranhão, no caso o próprio Gastão Vieira, tinha poucas chances porque Dilma estava resistindo a substituir Pedro Novais por outro aliado de Sarney.

Seria constrangedor apresentar uma lista tríplice sem o nome preferido de Sarney e aí surgiu a esdrúxula saída – pelo menos publicamente – de indicar toda a bancada.

Quando Alves e o vice-presidente Michel Temer acreditavam que Sarney havia jogado a toalha, o presidente do Senado deu uma “lambreta” na última hora. Disse que o cargo era dele. E, como se sabe, Sarney não abre mão de nenhum espaço político.

Sua mira foi melhor do que a do jogador Leandro Damião.

(Por Jorge Félix e Tales Faria – Poder Online – 15/09/2011 – 06:02hs)

Às vezes ouço por aí que o jogo político, aqui no Brasil e, talvez, em todo o mundo, é algo sujo, mesquinho. Mas diante de tanto descaramento e desfaçatez, acho que a alma da política brasileira é muito mais que isso. É algo grotesco, fingido. José Sarney é o tipo de político que representa muito bem a corja sem moral e sem valores que afunda o Brasil.
Depois das vergonhosas denúncias de mau uso do dinheiro público, tráfico de influência e toda ordem de irregularidades, o ex-ministro do Turismo, Pedro Novais, pediu demissão na quarta-feira, sentindo-se, é claro, injustiçado pelas denúncias, pela forte pressão e pela falta de apoio de seu próprio partido. É o tipo de situação que na gíria carioca significa “perdeu playboy”. Só que nossa política é muito séria e transparente; daí, o então todo poderoso do Senado, Coronel Sarney, resolveu mexer seus pauzinhos e indicar “à força” o nome de seu assecla, Gastão Vieira, que por ‘coincidência’ é do PMDB do Maranhão. É o que eu chamo de trocar seis por meia dúzia.
Daí, podemos concluir que na espinha dorsal da corrupção no Brasil, o cabeça não muda, o que muda são apenas as peças intermediárias que desencadeiam os desvios e enchem os bolsos dos poderosos que sustentam um trono no legislativo.
Isso tudo é uma pequena prova do poder quase supremo do Coronel Sarney.

(Por Franco Aldo – 15/09/2011 – às 12:06hs)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O Filme sobre Heleno de Freitas

Rodrigo Santoro usa obsessão para moldar tragédia de jogador.

Rodrigo Santoro, 36, faz a melhor performance de sua carreira em "Heleno", que teve estreia mundial anteontem no Festival de Toronto.
Dez anos se passaram desde que o ator se tornou um dos principais rostos do novo cinema brasileiro, com "Bicho de Sete Cabeças" (2001), de Laís Bodanzky.

O novo filme é o primeiro em que exerce também a função de produtor, tendo trabalhado desde a concepção do projeto e do roteiro com o diretor José Henrique Fonseca ("O Homem do Ano", 2003).

Baseado na história real de Heleno de Freitas, o longa --que tem estreia no Brasil prevista para março do ano que vem-- narra a tragédia do icônico jogador do Botafogo dos anos 1940.

Heleno viu seu talento e sua carreira serem destruídos por um temperamento irascível e pela sífilis cerebral, que o matou com apenas 39 anos, em 1959, esquecido e falido.

"Ele era obcecado com a perfeição, não só dele, mas de todo o time que jogava ao seu lado", explica o ator, que usou essa mesma obsessão para moldar sua performance. "A vida é muito curta para não dar o seu melhor."

DEGRADAÇÃO FÍSICA

A atuação de Santoro vai além da transformação física (ele perdeu 20 kg para viver os últimos dias de Heleno), abrangendo também a arrogância do playboy carioca, seu charme e a derrocada numa clínica em Barbacena (MG), onde viu Pelé ascender ao estrelato na Copa de 1958.

O trabalho do ator e a degradação física do personagem remetem às performances recentes de Marion Cotillard em "Piaf - Um Hino ao Amor" e de Natalie Portman em "Cisne Negro".

Outra referência clara é Robert de Niro em "Touro Indomável" (1980). E não é por acaso que o longa é fotografado por Walter Carvalho ("A Erva do Rato") num preto e branco inspirado no clássico de Martin Scorsese.

"Heleno" reverencia o Rio dos anos 40 e 50 com visual e estilo, mas peca ao ignorar o lado popular do futebol.
Para um filme que fala sobre o maior esporte nacional, tendo como pano de fundo a derrota na Copa do Mundo de 1950 e a vitória em 1958, faltam a paixão e a presença do torcedor, o que torna a genialidade do protagonista algo meramente citado, mas nunca mostrado no longa.

(Por DANIEL OLIVEIRA - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM TORONTO - 14/09/2011 - 10h22)

Independente da crítica que diz que “o popular” ficou longe da essência do longa, um filme sobre Heleno de Freitas é bom para Brasil e a para sua riquíssima história do futebol.
Assim como Heleno, outros gênios da bola não devem ser esquecidos. Os nossos filhos e netos têm que ser agraciados com a história e uma viva lembrança das personalidades que nunca podem morrer nas nossas mentes. Tudo isso para o bem de nossa cultura e nossa marca maior, o futebol brasileiro.

(Por Franco Aldo – 14/09/2011 – às 15:14hs)

O Casamento do Ano

No último sábado, dia 10 de setembro, as famílias Macena e Maia celebraram o enlace matrimonial de seus filhos, Juliana e Bruno, respectivamente.
A festa foi realizada no Sítio Meio do Mato, na estrada da Ilha de Guaratiba, e contou com diversas personalidades da sociedade carioca.


A mãe da noiva, Leda Macena, foi quem organizou o evento, e ao fim da grande festa, recebeu os parabéns de todos os participantes, pois o casamento foi de um glamour impressionante. Além da bela paisagem e de uma organização impecável, a cerimônia impressionou, emocionou e provocou em todos os presentes uma catarse de gozo e alegria.
Parabéns a Juliana Macena e Bruno Maia pelo belíssimo casamento.


(Por Franco Aldo – 14/09/2011 – às14:52hs)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ESCLARECIMENTOS SOBRE A INVASÃO AO ENGENHÃO

NOTA: Eu gostaria de escrever um texto sobre o fantástico 7 de setembro botafoguense. Se não bastasse a avassaladora vitória sobre a "Carroça Desembestada", Ceará, por 4 X 0, a torcida do Botafogo fez das suas no Engenhão: lotou o estádio num público inédito na história, e, ainda por cima, mais de 10.000 torcedores ficaram de fora, sem ingesso.
Foi uma coisa impressionante. A euforia de crianças, jovens e velhos sintetizou muito bem o quanto a torcida do Botafogo ama o clube.
Eu fui um dos que não conseguiram entrar, pois resolvi no mesmo dia que iria ao jogo e, até porque, cheguei de viagem, não fiquei sabendo dos bastidores do jogo.
Foi uma pena, mas não fiquei chateado.
Só fui saber da dimensão da invasão quando cheguei em casa, portanto os protestos de quem ficaram de fora, pela abertura dos portões, não eram nada razoáveis. Se abrissem os portões, a segurança dos torcedores ficaria comprometida.
Fantástico. É o resumo do jogo do Botafogo no 7 de setembro.
Que continue assim para que o Fogão conquiste o tão merecido título brasileiro.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A Violência nas Áreas Pacificadas do Rio

Cabral atribui problemas em favelas a histórico de violência

O governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), afirmou na manhã desta terça-feira que os problemas enfrentados recentemente na Cidade de Deus e no Complexo do Alemão são resultado de "resquícios de um viés violento" de uma minoria de moradores das favelas e da própria polícia.
Cidade de Deus conta com uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), e o Alemão está ocupado pelo Exército.
"Evidentemente, isso [a pacificação] é um processo de educação recíproca entre a força de pacificação e a comunidade. É um aprendizado diário. Há tanto na comunidade quanto na força de segurança, resquício de um viés violento, no caso da força de pacificação, e da cultura do poder paralelo, no caso das comunidades. Mas isso é minoria", disse Cabral.
"Há pelo menos 30 ou 40 anos, a polícia só entrava para atirar e depois deixava a população refém dos bandidos. É um processo que não tem fim, mas vai melhorar a cada dia", completou o governador durante a formatura de 489 alunos do Centro de Formação e Aperfeiçoamento da PM.
O coronel Robson Rodrigues, coordenador das UPPs, afirmou que será realizado um seminário para reavaliar o programa de pacificação de favelas.

CONFRONTO

No último fim de semana, um conflito envolveu moradores e militares no complexo do Alemão. Segundo moradores, o tumulto voltou a ocorrer na noite de segunda-feira (5).
No domingo, moradores e policiais militares da UPP Cidade de Deus entraram em confronto após um baile funk.

(Por Folha.com - 06/09/2011 - 13h10)

Mais cedo ou mais tarde, a violência nas regiões pacificadas pelo Exército e, até mesmo, pelas UPPs surgiria como um fantasma que tem como origem uma multiplicidade de problemas sociais, muito mais complexo que o simples domínio do poder público em áreas antes dominadas pelo tráfico de drogas.
O que o Governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, e os empresários, que lucrarão na Copa e nas Olimpíadas, querem é que a complexa selvageria que existe no Rio de Janeiro seja maquiada, ou melhor, minimizada. Nessa ótica, não basta pacificar regiões carentes, como o Complexo do Alemão ou a Cidade de Deus, aliás, o termo pacificar não significa o fim do tráfico nessas regiões, mas uma forma mais ordenada de se viver sem ter que escutar tiros de fuzis, ou mesmo, ver bandidos armados até os dentes. O que o poder público tem que fazer é resgatar essa população marginalizada e trazer para a sociedade, através de projetos socioeducativos.
O que chama mais a atenção é que o frison inicial do Governo Cabral na publicidade das áreas pacificadas parece que está com o seu tempo se esgotando. Ninguém gosta de viver em locais em que o exército, a polícia ou, até mesmo, os bandidos desfilem de fuzis nas mãos. E de certa forma, o Governador do Rio tem parcial razão em atribuir que os últimos acontecimentos na Cidade de Deus e no Morro do Alemão refletem um passado de muita violência, de muita carência do poder público (é lógico), mas não justifica a inércia do Estado nessas regiões em promover verdadeiros projetos de inclusão social.
A UPP no Complexo do Alemão é fundamental para a continuidade da paz e da permanência do poder público.
Não é missão do Exército Brasileiro ocupar uma região tão complexa como a do Alemão, muito menos estender essa ocupação sabe-se lá até quando. Isso só leva a uma coisa: o desgaste. Que já ocorreu entre os moradores e os militares.
De uma forma geral, o que está existindo hoje nessas regiões é um desgaste natural entre a força legal e os moradores. O Estado tem que promover algo a mais, pois se for só para por homens armados na região, não haverá tanta diferença com os bandidos.

(Por Franco Aldo – 06/09/2011 – 13:19hs)

sábado, 3 de setembro de 2011

A Confissão

“Uma vez resolvi me confessar com o Padre Manel. Quando me ajoelhei e olhei pelas grades do confessionário, vi apenas um vulto branco à espera de minhas histórias, mas foi o Padre que logo veio me perguntando se tinha feito algo de errado e proibido com mulher solteira e direita.
Indignado e vexado com a pergunta, disse em alto e bom tom:

– Não senhor seu padre, vixe... Com mulher solteira e direita nunca fiz nada de errado, mas confesso de todo o meu coração que só com as burras, essas sim eu buli...”


(Por Silfra Doval – 2011)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

PT Recusa Faxina, mas quer Reforma Contra Corrupção

Em documento, PT recusa ‘faxina’ de Dilma e pede reforma contra corrupção.

Partido abre seu 4º Congresso, no qual apresentará resolução que evidencia incômodo com demissões promovidas nos ministérios sob suspeitas de irregularidades e desvios.

BRASÍLIA - Em uma resolução política de 24 páginas, o PT não conseguiu esconder o incômodo com a chamada "faxina" promovida pelo governo da presidente Dilma Rousseff, que derrubou quatro ministros em dois meses e 12 dias. Sob o argumento de que a oposição, apoiada por uma "conspiração midiática", quer dissolver a base parlamentar do governo, o documento que guiará os debates do 4.º Congresso do PT - desta sexta-feira, 2, a domingo, 4, em Brasília - não faz rodeios. A recomendação é para o partido repelir as "manobras" para promover a "criminalização generalizada" da base aliada.
O texto, obtido pelo Estado, diz que o núcleo de combate à corrupção reside na reforma política e do Estado. Não tece críticas à conduta de Dilma, mas faz questão de defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, citando as medidas tomadas por ele para o "combate implacável" à corrupção. Nos bastidores, petistas temem que ações de Dilma acabem carimbando o governo Lula como "corrupto", já que todos os demitidos foram herdados da gestão passada.
O PT atribui a turbulência no governo, provocada pelas demissões na Esplanada e em repartições dos Transporte e da Agricultura, à oposição "e a seus aliados na mídia conservadora". Para a cúpula petista, é mais do que necessário discutir no Congresso o marco regulatório da comunicação social.
"A oposição, apoiada - ou dirigida - pela conspiração midiática que tentou derrubar o presidente Lula, apresenta-se agora liderando uma campanha de ‘apoio’ à presidente Dilma, para que esta faça uma "faxina" no governo", diz o texto.
Na sequencia, o documento constata que políticos "sem credibilidade", e "omissos" no combate à corrupção em seus próprios Estados, tentam agora "dissolver a base parlamentar do governo Dilma", a fim de bloquear suas iniciativas.
Com sinal verde da Executiva Nacional do PT, reunida na quinta-feira, 1º, o texto ainda poderá sofrer emendas e mudanças no Congresso petista, amanhã. O encontro, a ser aberto nesta sexta com festa por Dilma e Lula, foi convocado para reformar o estatuto do PT.

(Por Vera Rosa, de O Estado de S.Paulo, 01 de setembro de 2011 | 22h 40)

Chega a ser irritante a postura do PT em alegar que os graves indícios de corrupção no Governo Dilma sejam uma conspiração da oposição com os principais meios de comunicação do país. Aliás, esse mesmo PT, junto com o ex-presidente Lula, tentou, sem sucesso, estabelecer uma espécie de censura aos órgãos de imprensa, através de um decreto sobre “Direitos Humanos” que propunha alterar a Constituição, em artigo 221, alegando uma tal de “Garantia do direito à comunicação democrática e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Direitos Humanos”, através de uma tal de Diretriz 22. Na verdade, esse tal decreto é uma espécie de AI-5 da era moderna, até porque, ninguém estabelece uma censura alegando maus motivos, e assim foi também com os militares.
O problema todo é que a corrupção rola solta a olhos vistos e a sociedade clama por justiça, enquanto isso a Presidenta Dilma fica numa posição de fogo cruzado; de um lado, seus companheiros de partido que não querem largar o osso e as regalias, por isso jogam a culpa da corrupção para os oposicionistas e a imprensa, como se fosse uma invenção, um golpe de facínoras sedentos por vingança; e de outro, a opinião pública, a oposição e a imprensa que gritam por uma reforma política; uma lavada de roupa suja para que, pelo menos, seja posto para debaixo do tapete um pouco da sujeira que ultimamente tem emporcalhado os Ministérios da Agricultura, Transportes e Turismo.
É muito difícil limpar o próprio quintal de quem está atolado até a cabeça de sujeira, sem demonstrar que também está sendo limpo. Essa é a tarefa da Presidenta Dilma que, assim como Lula, tenta governar o país no bom estilo “não vi e não sei de nada”, enquanto seus asseclas, que não medem esforços em arrombar descaradamente os cofres públicos, vão dando trabalho e mostras de uma pilantragem que já deveria ter sido extinta, há muito tempo...

(Por Franco Aldo – 02/09/2011 – às 13:19hs)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Revista Piauí: Minha Dor não sai no Jornal

Eu era fotógrafo de O Dia, em 2008, quando fui morar numa favela para fazer uma reportagem sobre as milícias. Fui descoberto, torturado e humilhado. Perdi minha mulher, meus filhos, os amigos, a casa, o Rio, o sol, a praia, o futebol, tudo.

Não sou bandido, mas tenho medo de polícia. Ando disfarçado por ruas de uma cidade distante de minhas raízes porque acho que estou sob ameaça de morte. Vivo ansioso e tenho dificuldade para dormir. Num laudo médico, minha psicóloga descreveu meu estado desta maneira: “Agitação neurossensorial e fixação mental em imagens que não conseguem se desprender e tomam de assalto a mente.”
Muitas vezes choro sozinho. Tenho pesadelos. Lembro-me de que um dos meus torturadores, quando eu estava ajoelhado, vendado e de mãos atadas, dizia no meu ouvido: “Sua vida nunca mais será a mesma.” Ele tinha razão.
Volta e meia, ainda ouço com clareza, como se estivesse sendo repetida de fato, a música angelical que os bandidos tocaram no cativeiro. O som me lança de volta àquela escuridão – estava encapuzado e ainda não imaginava o que aconteceria depois. Ouvia aquela música, criada para ser agradável aos ouvidos, vinda de um aparelho de som portátil, a poucos metros de distância. Eram sons de flauta, suaves e tranquilos, que a liturgia religiosa associa aos anjos. Uma voz de pastor, no entanto, pregava de forma aterrorizante: “Este homem que está com a faca em seu pescoço vai matá-lo. Entregue sua alma a Deus e arrependa-se dos seus pecados.”
A mensagem durava poucos minutos. Havia um intervalo de silêncio e a gravação recomeçava – de novo a flauta e a fala do pastor, como se fosse um CD em modo de repetição automática. Esta era a parte branda dos suplícios que viria a sofrer. Três anos depois, em muitas madrugadas, ainda acordo sobressaltado, com essa melodia na cabeça.

Aproximei-me do jornalismo, em 1977, ao começar a trabalhar como mensageiro da sucursal carioca da revista Veja. Depois, fui promovido a produtor da revista, com tarefas que incluíam pesquisas e envio do material dos fotógrafos para a sede, em São Paulo. Transferi-me mais tarde para a Placar. Passava horas no laboratório, onde aprendi todas as técnicas possíveis. Prestava muita atenção, especialmente no trabalho de Ricardo Chaves, Rodolfo Machado e J. B. Scalco, este último um dos melhores repórteres fotográficos de esportes que conheci.
Num final de semana, sem outro fotógrafo disponível, empunhei a câmera profissional pela primeira vez, para registrar um jogo do Campeonato Brasileiro. Assim ingressei na profissão que abraçaria pelo resto da vida. É engraçado que o futebol tenha me levado a ser fotógrafo. Sonhava ser jogador e cheguei a atuar no Madureira quando muito jovem.
Frequentei a casa de Arthur Antunes de Coimbra, o Zico, em Quintino, na Zona Norte, depois de peladas em chão de terra batida que alimentaram a esperança de seguir os passos do craque já famoso – o maior jogador de futebol que vi atuar. Uma contusão no joelho haveria de interromper minha trajetória, sempre difícil desde que deixei o Pantanal mato-grossense, onde cresci entre dez irmãos, para tentar a sorte no Rio de Janeiro. Nasci em Corumbá, entre o Natal e o Réveillon de 1958, estudei em colégio de padres e achei que seguiria a carreira religiosa. De certo modo, ser repórter fotográfico exigiu uma profissão de fé.
Em 1990, comecei a trabalhar no Jornal do Brasil, no qual conquistei reconhecimento profissional e prêmios internacionais. Em 1992, transferi-me para o jornal O Dia, onde fui editor de fotografia por seis anos. Ganhei uma menção honrosa do Prêmio Vladimir Herzog com a foto Na Mira da Lei, depois de morar, com o repórter Aloísio Freire, por duas semanas na favela da Maré, investigando denúncias sobre o chamado Comando Azul, um grupo de policiais militares metidos a justiceiros que cometiam atrocidades contra moradores e outros bandidos.

O jornalismo me levaria a outra situação de risco, em Capitán Bado, no Paraguai. Acompanhado de um guia, chegara a uma grande plantação de maconha e começara a fotografar com uma minicâmera quando percebi a aproximação de traficantes. Escondi a máquina na cueca e peguei uma abóbora enorme. Disse que estava roubando para comer. Sob a ameaça de fuzis AR-15, eu e o guia, que falava guarani, levamos um tempão negociando a liberdade. Foi um susto que não me impediu de assumir outra pauta arriscada: passei 28 dias viajando em uma investigação sobre o tráfico de cocaína para o Brasil, a partir do Peru e da Bolívia. O que mais me impressionou ali foi a miséria e o trabalho escravo de crianças nas plantações de coca.
O incentivo para o jornalismo investigativo veio do amigo Tim Lopes, repórter com quem trabalhei na Placar, no JB, n’O Dia e na Rede Globo. Tim foi chacinado em 2002 por traficantes do Complexo do Alemão ao fazer uma reportagem sobre venda de drogas a céu aberto numa favela, e apurava a realização de bailes funks com exploração sexual de menores de idade.
Eu e os repórteres Alexandre Medeiros e Marcos Tristão tínhamos começado a pedir ajuda nas favelas, em busca de uma pista que levasse ao paradeiro do Tim. Um dia, fui abordado por uma pessoa que se aproximou por trás e não se deixou ver: “Sobe o Complexo do Alemão, vai até um lugar chamado Pedra do Sapo e manda cavar na sombra do bambuzal. O corpo está lá”, disse. Não pude voltar meu rosto em sua direção. Se o fizesse, poderia morrer.
O coronel Venâncio Moura, então comandante do Bope, a tropa de elite da Polícia Militar do Rio, investigou a informação. Entrei mato adentro com os policiais, ao lado da repórter Albeniza Garcia. Os bombeiros fizeram a escavação. No segundo movimento da enxada, começaram a aparecer ossos e a plaqueta de controle de patrimônio da câmera da Globo. Foi muito duro, mas eu tinha que fotografar. Começamos todos a chorar. Era a ossada do amigo Tim Lopes. Tenho sempre comigo no bolso um livro de Salmos e comecei a ler o de número 23, para tentar amenizar o desespero: “O Senhor é meu pastor; nada me faltará.”

No começo de 2008, fui chamado pelo diretor de redação de O Dia, Alexandre Freeland, para uma pauta que tinha que ser cumprida sigilosamente: investigar um grupo de milicianos (policiais militares e civis, bombeiros, funcionários do sistema penitenciário) que atuava no Jardim Batan, uma favela encravada em Realengo, na Zona Oeste.
O Batan foi uma grande fazenda, onde havia criação de gado. Seu nome se origina de árvore típica, o ubatã ou chibatã. Foi local de muitos confrontos violentos entre facções criminosas, que procuravam controlar o tráfico de drogas por lá. Em 2007, milicianos se juntaram e expulsaram os traficantes, assumindo negócios como a venda de gás e a tevê a cabo pirata, o transporte de vans, e cobrando “taxa de segurança” dos moradores.
Para investigar essa realidade, eu, uma repórter de O Dia e um motorista do jornal nos mudamos para o Batan, onde conseguimos alugar uma casa. Chegamos lá no dia 1º de maio de 2008, pela manhã. Fomos direto até a padaria das imediações, que era do proprietário da casa que alugamos. Tomamos café da manhã ali, pegamos a chave de onde íamos morar e fomos nos instalar.
Era uma casa de três andares. Ficamos no terceiro. Descobrimos que não havia nada dentro. Começamos contatos com moradores para que nos ajudassem a mobiliá-la. O vizinho do 1º andar nos apresentou a outros da comunidade, quando tivemos a oportunidade de arrematar uma televisão usada. No comércio de Bangu, compramos colchonetes e comida.
Para me apresentar aos moradores, eu dizia ser do Pantanal, e que aguardava ser chamado para trabalhar em Macaé, numa prestadora de serviço da Petrobras. Aproximei-me das pessoas com esse discurso porque os milicianos não querem por perto os que chamam de “vagabundos”: desempregado não é tolerado. Fui ganhando confiança dos vizinhos. Fiquei amigo do morador do 1º andar, que havia sido criado nas proximidades, onde também crescera o motorista que trabalhava para o jornal. Fiz churrasco na esquina de casa, como forma de ampliar nosso relacionamento.
Fingia ser marido da repórter. Dizia que ela era evangélica, tinha vindo de Minas Gerais e que o casamento me livrara do alcoolismo. Ela começou a frequentar uma igreja próxima de casa. Fomos vivendo desta forma: eu era um cara em busca de recuperação, ela arrumou um emprego de cozinheira. Todos acreditaram, o que nos permitiu começar a recolher informações, discretamente.
Todo dia passávamos um boletim para a redação do jornal, por e-mail, enviado de uma lan house. Poucas pessoas do jornal sabiam que estávamos nessa pauta. Para que ninguém desconfiasse, dissemos na redação que estávamos em férias.
Tudo parecia correr perfeitamente bem. O Dia das Mães caiu em 11 de maio. Fizemos um almoço comemorativo para umas dez pessoas próximas. Minha “mulher mineira” fez feijão-tropeiro. Cozinhei talharim e dei rosas para as mães em homenagem à data. A cada dia tínhamos mais amigos, e um deles nos deu um sofá de presente. Pessoas comuns, realmente do bem.
Sou muito cristão. Oro todos os dias. Comecei a sentir que meu anjo da guarda queria me avisar de alguma coisa. Eu disse para a repórter que tinha tido visões de que seríamos descobertos. Lia muito as páginas de Habacuque, um dos profetas do Velho Testamento. Tinha tido a visão de que os milicianos arrombavam nossa porta. “Que nada, está tudo bem”, ela me respondia.

Havia feito fotos importantes, como as que mostravam o castigo que a milícia impunha a usuários de drogas. “Maconheiros” eram pintados de branco e mandados capinar e desfilar pelas ruas, para ficarem marcados pela comunidade. Outros tinham de ficar sentados por horas sobre tijolos quentes. O chefe da milícia, que todos chamavam de 01 (Zero Um), usava um caibro, que chamava de Madalena. Os moradores tinham muito medo da Madalena, usada em surras públicas. Outro cassetete era jocosamente apelidado de “Direitos Humanos”.
Havia guardas penitenciários e muita polícia pelas ruas, o tempo todo. Polícia com farda e sem farda. Eles bebiam com o carro da polícia na porta do botequim. Fotografei isso também. Nunca vira, como vi lá, uma integrante da tropa feminina da Polícia Militar atuar como miliciana. A PM loura do Batan, que andava com desenvoltura entre tantos outros fardados, foi uma das surpresas naquela apuração.
Já havia combinado com um motorista de Kombi que servia à comunidade para que me levasse no dia seguinte até a rodoviária. Achava que o trabalho estava acabando. Todo o material que fotografava eu levava para a casa da mãe do motorista, que ficava do outro lado da avenida Brasil. Não havia nenhum material jornalístico onde morávamos. Nunca usei flash. Eram fotos de luz natural, tiradas com velocidade baixa e modo de alta sensibilidade para ter boas imagens. Havia fotografado muito: a movimentação pelas ruas, PMs bêbados, castigos, punições, carcaças de carros roubados acumuladas dentro de um terreno do Exército, o depósito clandestino de gás.
Às 21h30 da quarta-feira, dia 14, falamos com o diretor de redação. Eu sempre me reportava a ele. A possibilidade de envolvimento de um deputado e um vereador com a milícia fez com que decidíssemos estender nosso período por lá. Queríamos provas indesmentíveis.
Quinze minutos depois desse telefonema, fui pego em frente à pizzaria vizinha da nossa casa. Já comecei apanhando muito. Gritavam que sabiam que eu era jornalista. Mandaram trazer a repórter, que estava no 3º andar. Ela resistiu, e eles a agrediram fortemente, forçando-a a descer a escada aos tapas e pontapés. Eu era quem mais apanhava, porque chegara a beber cerveja com os milicianos, em busca de informação. Demonstravam ódio por terem sido enganados durante catorze dias.
Fomos algemados, encapuzados com toucas pretas e enfiados no banco traseiro de um carro. Rodamos alguns minutos atrás da chave de onde seria nosso cativeiro. Para evitar a avenida Brasil, nossos sequestradores entraram em uma estrada vicinal com muitos quebra-molas. No caminho, apanhamos mais. Um deles brincava de roleta russa com o revólver na minha cabeça. Eu tinha certeza de que seríamos mortos. Ao chegarmos, notei que a casa que serviu de cativeiro parecia estar em construção. Havia brita espalhada pelo chão. Eles falavam: vai morrer, vai morrer!
O chefe, o chamado 01, sentou na minha frente. Tentei negociar. Disse: “Tenho moral no jornal. Vamos esquecer as porradas todas. Você libera a gente, e não falamos mais disso. Não se mata jornalista. Veja o caso do Tim Lopes. Era meu irmão, era um amigo muito ligado.”
“Então parece que o problema é com a família”, respondeu 01. “Você vai morrer e precisa saber que foi alcaguetado por amigos de dentro do jornal. Vou provar: você tem na sua baia de trabalho as fotos de um de seus dois filhos tocando guitarra. Seus filhos são lindos. Você mora na Zona Sul”, disse, completando em seguida com meu endereço exato.
Gelei, e ele continuou: “Vocês são uns bundões. Foram alcaguetados por seus amigos. Temos informantes em tudo o que é jornal e televisão.”
Ele então deu uma ordem: “Chama o cinegrafista.” Nossa tortura foi filmada. Alguém, um dia, vai obter essa fita da tortura que sofremos. O que passamos lá, eles fizeram questão de gravar.

Fiquei encapuzado a maior parte do tempo. Mas sabia que havia em volta muitos policiais. Sentia os chutes vindos de coturnos. O Zero Um saiu. À distância, bois mugiam. E começou o som da flauta e a voz de pastor pregando: “Este homem que está com a faca em seu pescoço vai matá-lo. Entregue sua alma a Deus e arrependa-se dos seus pecados.” Teatralmente, um homem colocava a faca em meu pescoço cada vez que tocava a gravação.
Entre as sessões de torturas, havíamos passado por cinco “tribunais”, as ocasiões em que os milicianos se reuniam e julgavam qual seria o nosso destino. Nos cinco, anunciaram nossa sentença de morte. Pretendiam nos levar para a favela do Fumacê, ali do lado, queimar nossos corpos e dizer que haviam sido os traficantes que nos mataram. Discutiram também convocar moradores do Batan para que fôssemos apedrejados em praça pública, como traidores. Não tenho dúvida de que, se mandassem, os moradores, tiranizados por eles, poderiam nos apedrejar.
Aí chegou aquele que todos chamavam de “Coronel”. Pegaram as senhas de meu e-mail e do da repórter. Leram todos os relatórios que passáramos para o jornal. Eu falava das fotos que tinha tirado, descrevia-as com detalhes; a repórter contextualizava as informações que recolhera. A par de tudo, o Coronel decidiu que iríamos sobreviver. Mas tomamos mais porradas. Os milicianos ainda se referiam a outro chefe, a quem chamavam de “Comandante”.
Durante a tortura, estávamos lado a lado, eu, a repórter e o motorista. Num quarto escuro, só iluminado por telas de celulares, que usavam para que pudéssemos assistir uns aos outros serem subjugados. O motorista pedia para que eu afastasse escorpiões que subiam por suas costas. Não podia ajudá-lo. Ouvíamos passos de muitos PMs. Tiraram nossos capuzes e substituíram por sacos plásticos, parecidos com os de supermercados. Com eles, produziam asfixiamentos temporários. Mas dava para ver as fardas quando olhava por baixo do plástico.
A repórter reconheceu a voz de um vereador, filho de um deputado estadual. E ele a reconheceu. Recomeçou a porradaria. Esse político me batia muito. Perguntava o que eu tinha ido fazer na Zona Oeste. Questionava se eu não amava meus filhos. Os agressores estavam com toucas do tipo ninja. Houve um momento em que achei que tinha morrido. Senti como se estivesse subindo para o céu, mas não era minha vez. Tive que voltar para contar. Deus fez que eu voltasse.
Cada vez chegavam mais camburões. Depois que apanhamos muito, levaram-nos para a sessão de choque. Era um instrumento que tinha o formato de uma pizza com um cano no meio. Tiraram minha roupa e me davam choques na região baixa e nos pés. Não posso, não devo, não quero entrar nos detalhes das brutalidades e das humilhações que sofremos.
Fomos levados para a casa dos pais do motorista, para que os milicianos pudessem pegar os cartões de memória e a máquina fotográfica. Não havia deixado a máquina dentro da comunidade em nenhum momento. Usava escondido e guardava em área vizinha para que não nos comprometesse a segurança. Chegamos em comboio, durante a madrugada.
Os pais do motorista saíram de casa assustados. Os milicianos pediram para que eu os ensinasse a fotografar. Eles nos retrataram. Ensinei a mudar a ASA da máquina (aumentar ou diminuir a sensibilidade à luz). Fotografaram-me como a imprensa policial faz com os bandidos, forçando-nos a levantar o queixo com as mãos. Eles têm nossas fotos como prêmio. Por isso, não posso voltar para o Rio até hoje.

Fomos soltos às quatro e meia da madrugada, na avenida Brasil, depois de mais de sete horas de tortura e sevícias. O pai do motorista dirigiu o carro que nos tirou da favela. Eu queria ir para um quartel do Exército. Mas queria falar primeiro com a direção do jornal.
Quando estávamos na altura da Estação Leopoldina, logo após a saída da avenida Brasil, entramos numa grande discussão. A repórter revelou que os torturadores a chamaram por um apelido pelo qual ela só era conhecida na redação. A certeza da traição nos deixou inseguros. Fomos para minha casa. Minha mulher disse: “Não falei que isso iria acontecer?” Abracei meu filho, que acabara de acordar. Eram quase seis horas. Estávamos descalços, feridos, destruídos. Tomamos banho na minha casa. Meu filho foi para a escola. Começou a pior tortura: a família conviver com o medo, para o resto da vida.

Chegaram à casa o diretor de redação e uma editora-executiva. Ligaram para a dona do jornal, a Gigi Carvalho, filha do antigo dono de O Dia, Ary Carvalho. Um ano e meio depois, ela venderia o jornal para um grupo português. Eles falaram com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame.
Naquela manhã, depois de liberados pelos sequestradores, estranhamente, não me levaram para fazer exame de corpo de delito. Fui para o Hospital Copa D’Or, onde, mais estranho ainda, fui instruído a falar que havia caído do cavalo. Não podia contar que tinha sido torturado. Em casa, vi que havia uns caras na porta, com jeito de policiais. Estávamos sendo vigiados.
Começou a nossa fuga. Eu, meus filhos e minha mulher fomos primeiro para a serra fluminense. Na edição de domingo, 1º de junho, duas semanas depois de cairmos nas mãos da milícia, o jornal enfim trouxe o caso a público. “Tortura – milícia da Zona Oeste sequestra e espanca repórter, fotógrafo e motorista de O Dia”, era o enunciado.
Nessa altura, eu estava num quartel dos fuzileiros navais, longe de tudo. Recebi um telefonema dizendo que havia fuzileiros navais entre os milicianos do Rio, e que minha vida estava em risco. Não sei como me acharam lá.
Foi quando minha sobrinha, uma adolescente, foi vítima de uma tentativa de sequestro. Tentaram pegá-la na saída da escola e só não conseguiram porque um senhor de 70 anos conseguiu tirá-la das mãos dos sequestradores. Só Deus sabe onde ele arrumou forças para tal. Minha sobrinha está traumatizada até hoje. Ligaram para a mãe dela e disseram que era “muita coincidência” ter ocorrido a minha fuga e a tentativa de sequestro da sobrinha no mesmo momento. Falaram que não me deixariam em paz. Afirmaram que me matariam.
O Brasil não era seguro para mim. Decidi fugir para a Bolívia. Escondi-me numa cidade de 20 mil habitantes na região de Santa Cruz. Passadas as primeiras semanas, sentia saudade de minha família, que estava em uma cidade praiana no sul do Brasil. Fui encontrá-los num hotel de frente para o mar.
Minha mulher e meus filhos não falavam comigo. Ver o sofrimento deles foi a dor maior que senti. Tive vontade de me matar, de me jogar do 20º andar do hotel. Aquilo foi me consumindo. O único que me entendia e me dava carinho era Sávio, meu cachorro. Como se não bastasse tudo que passara, Sávio morreu.
Abandonei minha família. Fiquei quinze dias sumido. Voltei para pegar minhas coisas e anunciar que os deixaria viver em paz, o que não seria possível comigo por perto.
Mudei para uma cidade distante onde vivo hoje. Sofro sozinho. Meus amigos do Rio não podem falar comigo, nunca mais os vi. Com a possibilidade de ter sido traído por algum companheiro de trabalho, não posso falar com ninguém da redação d’O Dia. O ministro da Justiça chegou a propor que uma nova identidade me fosse fornecida, o que nunca ocorreu.
No Rio, correu o inquérito. Descobriu-se quem eram os líderes dos milicianos. Zero Um era o policial civil Odinei Fernando da Silva, também chefe de um grupo paramilitar denominado Águia. Zero Dois era Davi Liberato de Araújo, um presidiário que vivia fora da cadeia graças ao envolvimento de guardas penitenciários com a milícia. Os dois foram sentenciados pela Justiça a 31 anos de prisão, mas recentemente a pena foi reduzida para vinte anos. No Batan, criou-se uma Unidade de Polícia Pacificadora.
E não aconteceu nada com o vereador e o deputado estadual cujas vozes minha companheira repórter reconheceu no cativeiro. Eles negaram envolvimento com a milícia e nunca foram punidos. Agora mesmo, em julho passado, o deputado apareceu ao lado do governador do Rio numa foto de inauguração, não muito longe de onde fomos torturados.
Alguns dos bandidos estão na cadeia, mas parece que o bandido sou eu. Imagino que, a cada dia deles na prisão, mais me odeiem. Imagino quantos milicianos perderam dinheiro quando a quadrilha do Batan foi desmantelada, e quantos querem minha morte por isso, até hoje.

Retomar a vida é difícil. Faço tratamento psicológico e psiquiátrico, tomo uma dúzia de remédios. Quase não vejo meus filhos, que estão crescendo longe de mim. Tenho agora um neto que mal conheço. Não soube mais nada da repórter e do motorista, sumiram. Esqueci dos amigos. Preciso de fotos para me lembrar do rosto de quem gosto. Mas me lembro nitidamente dos que me torturaram.
Valeu a pena? Foi a profissão que escolhi. Mas o que mais dói é que fomos delatados por colegas da redação. Eu achava que nunca tinha tido inimigos.
Não fotografei durante o período que fugia. Voltei a tirar fotos não faz muito tempo. Antes, eu mandava ajuda para algumas crianças da favela da Rocinha. Uma família com nove meninos. Nas festas de Nossa Senhora Aparecida, no Pantanal, também dava presentes para crianças. Uma vez por mês, participava da distribuição de sopa para quem vive nas ruas.
Hoje não faço mais nada disso. Também perdi o Rio, a praia, o sol, o futebol e a cervejinha com os amigos. De vez em quando, alguém me diz que tudo já acabou. Acabou para quem? Para mim, não. A tortura continua. Tudo culpa daqueles filhos da puta.

(Por por Nilton Claudino Revista Piauí – Agosto/2011)

É um surpreendente relato de um jornalista que foi torturado por milicianos no Rio de Janeiro.
É o preço que se paga por tentar denunciar os elos nefastos entre polícia, traficantes e políticos.
Felizmente nosso protagonista não teve o mesmo fim que Tim Lopes, mas num país, onde a democracia e a liberdade são pilares de uma identidade para lá de fantasiosa, surge uma obscuridade ainda mais aterradora, longe das câmeras e das novelas da Globo, a falta de Justiça.
Como já ouvi muitas vezes por aí, aqui no Brasil não há Justiça. E o conceito de Justiça vem da máxima que: “todos são iguais perante o Estado e ao Direito”. Mas aqui, existem aqueles que são “mais iguais que os outros”, portanto, como o próprio Rio de Janeiro, o maravilhoso está na Zona Sul e, talvez, por ali, os interesses da elite tenham um quê de Justiça, diferentemente, daqueles que moram na Zona Oeste, Baixada e nos morros da cidade, pois para se conseguir provar algo nessas regiões, uma confissão do réu não basta. Enfim, no Rio de Janeiro, a máxima deveria ser: “no Rio todos são cariocas”, mas na verdade “mas alguns são mais cariocas que os outros”.
O Rio de Janeiro convive com o conluio de traficantes, policiais, políticos, membros do Judiciário, empresários; todos unidos pelo mesmo fim: explorar a classe baixa; sobrepor uma autoridade ilegítima; impor vontades contra as vontades; levar o medo e, quase sempre, matar para se fazer respeitar.
É o custo da curtição dos prazeres da Cidade Maravilhosa.

(Por Franco Aldo – 01/09/2011 – às 09:54hs)